Os ministros Gilberto Kassab, das Cidades, e Marcelo Castro, da Saúde, escrevem sobre os esforços para alcançar a meta de redução da mortalidade no trânsito.

Gilberto Kassab é ministro das Cidades

Marcelo Castro é é ministro da Saúde

Num momento em que o mundo vive com olhos e corações postos em Paris e está preocupado com atentados terroristas, é muito alentador estarmos aqui em Brasília ao lado de 1.500 participantes de 120 países, e com a liderança da ONU, para reduzir as mais de 1,25 milhão de mortes anuais em acidentes de trânsito em todo o mundo.

Somos um exército com uma missão de paz, um desafio maior, que é trocar experiências e afinar soluções para salvar 5 milhões de vidas no planeta até 2020. São mais de 3.000 vidas perdidas, todos os dias, em acidentes de trânsito. Temos meta a cumprir. Representamos governos, organismos internacionais, ONGs da sociedade civil, dos meios jurídicos e políticos.

Somos muitos, e fortes. Juntos podemos, sim, alcançar nossa meta, lutando ao lado da Organização Mundial da Saúde, dos países, dos Estados e municípios, para construir vias, sinalizações e veículos mais seguros; para proteger usuários com fiscalização mais eficaz, legislação aprimorada e modos de transporte sustentáveis; para melhorar ainda mais nossas respostas pós-acidentes e serviços de reabilitação.

Muito já fizemos. Falamos aqui do trabalho valioso do Ministério da Saúde, e de mais sete ministérios, batalhões integrados de combate a motoristas embriagados, aos que abusam do celular, àqueles que usam drogas, rebites e estimulantes, que dirigem veículos com pneus carecas e freios que não param diante da morte. Que dirigem sem cinto, sem capacete, fatigados, e produzem estatísticas de morte e sofrimento.

Esta 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito, que nos reúne, traz no nome um desafio: “Tempo de Resultados”. Sim, é doloroso constatar que mais de 90% das vítimas do trânsito sejam de países em desenvolvimento. Mortes e lesões que tiram do nosso convívio ou impõem sequelas a crianças e jovens de 15 a 29 anos. Queremos mais resultados.

A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), de 2012, já revelava, em tom de advertência, que “melhorar a segurança do trânsito pode contribuir para o alcance de objetivos mais amplos de desenvolvimento internacional, e que o transporte e a mobilidade são questões centrais para um mundo sustentável”.

Dizíamos que muito já fizemos desde as Convenções sobre Trânsito Viário de 1949 e 1968; muito avançamos com o Acordo sobre Transporte de Mercadorias Perigosas de 1957; com a Convenção sobre a Sinalização Viária, também de 1968; com os acordos de regulação de veículos de 1958 e 1998; com o Acordo sobre Inspeção Técnica de Veículos, de 1997.

Ações do Denatran e do Contran produziram índices melhores de redução de tragédias, evitando mais de 2.500 mortes entre 2012 e 2013. Mas ainda somos a quinta nação em mortes no trânsito, atrás de Índia, Estados Unidos, China e Rússia.

O Denatran trabalha firme em várias frentes, como a municipalização do trânsito; já estuda a figura do consórcio para cidades de menor porte; mapeia pontos de maior incidência de acidentes e atua para eliminá-los. Lançamos neste ano a Cartilha do Ciclista e, em mais alguns meses, o Manual Cicloviário, com regras, leis e sinalização específica para ajudar municípios e conscientizar o cidadão.

Pé na estrada, meus amigos, pois há muito a fazer e uma quilometragem incrível a cumprir em dois dias de diálogo em direção à paz no trânsito. Unidos, venceremos mais esta batalha.