Em texto publicado pela Folha de S. Paulo, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações lembra que, para milhões, esta será a primeira Copa em alta definição

 

 

 

Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

 

Tostão volta ao campo de defesa e toma a bola da seleção da Itália; recomposto o time brasileiro, troca de passes na intermediária, então a bola rola no campo de ataque, de Rivellino a Jairzinho, deste para Pelé. Rápida dança com as pernas, Pelé ajeita com a direita, apara com a esquerda, até dar um passe médio à sua frente, sem precisar olhar quem dispara na lateral direita —ele já sabia—, onde surge o capitão Carlos Alberto Torres para disparar certeiro ao gol de Albertosi.

Brasil 4 x 1 Itália. É o tricampeonato mundial. O quarto gol da seleção na final da Copa de 70, no México, chegava pela primeira vez com imagens em cores em complexa operação de transmissão de TV ao vivo.

Equipes da então estatal Embratel propiciaram o sinal, ainda sintonizado por poucos aparelhos. Espaços públicos nas capitais tiveram transmissões em cores.

Se aquelas imagens, com Pelé e companhia, deslumbraram a população, em 2018 temos outro grande salto tecnológico: esta é, para milhões, a primeira Copa com TV digital.

A implementação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, ou digitalização da TV aberta, permite assistir à programação com alta qualidade de som e imagem, além de inovações como suporte à recepção móvel e portátil, multiprogramação e interatividade. Permite ao consumidor extrapolar papel estático, de espectador, passando a agente no processo de comunicação.

Nosso padrão digital é reconhecido internacionalmente, com diferentes países nos procurando para conhecê-lo. Sua seleção e desenvolvimento foram trabalho do Ministério das Comunicações, da Anatel, de pesquisadores e de entidades do setor, e a implementação prossegue com participação desses agentes.

Esse processo começou em 2016 e já beneficia cem milhões de pessoas. Já são 643 cidades, números que crescem mês a mês —em maio, várias capitais do Norte e Nordeste tiveram a implementação do sinal 100% digital.

Até o fim de 2018 está previsto o alcance de 1.346 cidades e 129 milhões de cidadãos. O processo deverá ser concluído até 2023, quando os 5.570 municípios do Brasil terão TV 100% digital.

Tendo em vista o papel social e estratégico das comunicações, ligar a TV digital é, para o governo, tarefa empreendida com vistas à cidadania e à inclusão; à medida que avança, famílias beneficiárias de programas sociais recebem kits conversores.

Já foram distribuídos mais de 10 milhões de kits, e até o fim de 2018 está prevista a entrega de 13 milhões. O cidadão pode acessar www.sejadigital.com.br/kit ou ligar no telefone gratuito 147 e verificar se tem direito ao conversor e tirar qualquer dúvida.

A TV digital também permite à telefonia celular de quarta geração (4G) utilizar a faixa de 700 MHz, que está em processo de desocupação pela TV aberta (canais 52 a 69), melhorando a disponibilidade dos serviços. Essa faixa torna possível mais qualidade no sinal de celular e levar internet banda larga a lugares menos populosos a custo menor. Além disso, apresenta melhor desempenho na recepção em ambientes internos e beneficia a prestação de serviços em centros urbanos.

A TV digital tem o grande princípio de convergência nas comunicações: interface entre radiodifusão, telecomunicações e internet. Além disso, converge comunicações com ciência, tecnologia e inovação, um dos grandes desafios colocados quando nossa equipe assumiu o ministério.

Eu não havia mencionado até aqui a expressão “desligamento” ao tratar do progressivo encerramento das transmissões analógicas, já que não vejo “desligamento” como a melhor expressão a caracterizar o que está em andamento.

O que na verdade ocorre é que a TV digital liga cada vez mais nosso país. Sorte para nossa seleção, e que venha o hexa também a ligar o Brasil.