A possibilidade de movimentos como a greve dos caminhoneiros provocar problemas nessa área foi afastada pelo presidente da Anatel, em audiência pública presidida pelo deputado Goulart (PSD-SP)

Juarez Quadros disse que equipes da Anatel estão mobilizadas e têm estratégias de segurança para evitar interrupções de serviços de comunicação no Brasil

 

A possibilidade de a greve dos caminhoneiros provocar problemas nas telecomunicações do País foi afastada nesta terça-feira (29) pelo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Juarez Quadros, ao ser questionado pelo deputado federal Sandro Alex (PSD-PR), durante audiência pública promovida por iniciativa do presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara, deputado Goulart (PSD-SP).

O deputado Sandro Alex (PSD-PR) mostrou-se preocupado com os boatos a respeito de supostas falhas nas telecomunicações do País provocadas pela greve. “Corremos realmente o risco de termos corte de comunicações no País? As redes sociais acabam viralizando notícias falsas de que haverá cortes, mas também houve manifestação dos representantes de empresas de telefonia preocupados com a possibilidade de a greve ter efeitos no setor”, perguntou o parlamentar do Paraná.

Em resposta, Juarez Quadros disse que equipes da Anatel estão mobilizadas e têm estratégias de segurança para evitar interrupções de serviços de comunicação no Brasil em decorrência da greve dos caminhoneiros. Segundo ele, até agora não houve nenhum problema desse tipo, mas a situação não deixa de ser preocupante e é necessário que a crise seja resolvida.

No debate, que teve como tema o panorama atual das telecomunicações no Brasil, o presidente da Anatel explicou que normalmente a agência já trabalha com “suporte de redundância” para que, na eventual falta de geração de energia térmica, a área afetada seja atendida por geradores alimentados por combustível do tipo óleo diesel: “Essa redundância sempre existe, é uma prática antiga, na qual não se tem, nos pontos sensíveis, apenas um grupo, mas no mínimo dois grupos (de geradores de energia). Então, há uma segurança relativa; entendo que esta crise não pode demorar tanto, porque há sempre um limite. A energia é um grande insumo para o setor de telecomunicações.”

Quadros lembrou que no caso de um cabo ótico ser danificado em um acidente em rodovia, por exemplo, a equipe de manutenção precisa de combustível para ir rapidamente ao local e restaurar o fornecimento de energia. Segundo ele, diante da greve dos caminhoneiros, a gerência da Anatel ligada a esse trabalho de manutenção foi reforçada em pontos estratégicos. “Estamos a postos”, destacou.

Revisão do sistema

O presidente da Anatel ressaltou, durante a audiência, a necessidade de rever o modelo brasileiro de telecomunicações para aproveitar os avanços proporcionados por novas tecnologias, como a internet de banda larga e a “internet das coisas” — a conexão e transmissão de dados entre objetos.

“Passados vinte anos, vivemos um ciclo muito distinto daquele que motivou a reformulação do sistema de telecomunicações em 1997, quando a telefonia fixa era dominante”, advertiu. De acordo com o dirigente, a telefonia fixa só cresceu no mundo até 2006 e no Brasil até 2014, e, portanto, é preciso mudar o foco do modelo baseado nessa tecnologia.

Juarez Quadros também alertou sobre a necessidade de aprovação de uma reforma tributária para aliviar o setor de telecomunicações, fortemente taxado nos estados por meio do ICMS. Em Rondônia, citou ele, os tributos correspondem a mais de 50% do valor da conta de telefonia.

O deputado Goulart reforçou essa preocupação. “Em muitos setores, como o das telecomunicações, a carga tributária é exorbitante e deveria ter uma redução drástica. Estamos vivendo uma sanha arrecadatória”, criticou.