O presidente dos Correios, Guilherme Campos, falou sobre as dificuldades da estatal. Disse que, em 2016, o plano de saúde dos funcionários custou R$ 1,8 bilhão e a empresa teve prejuízo de R$ 2 bilhões

Guilherme Campos: A custo de R$ 1,8 bilhão em 2016, a empresa custeia 93% do plano, sendo que os empregados pagam apenas 7% do custo.

 

Em entrevista ao jornalista Carlos Alberto Sardenberg, da Rádio CBN, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, comentou nesta quarta-feira (29) os problemas enfrentados pela estatal. Segundo ele, os Correios não souberam se adaptar a tecnologias de comunicação como empresas de outros países, onde a busca de alternativas começou há 15 anos. Aqui, ao contrário, a empresa completou o terceiro ano de prejuízos, em 2016, com déficit estimado em R$ 2 bilhões.

Para Guilherme Campos, o desenvolvimento tecnológico afetou diretamente o envio de correspondências, que era a principal atividade da empresa. Além disso, a atual receita dos Correios torna insustentável a manutenção dos planos de saúde dos funcionários, que atende 400 mil vidas, tendo 117 mil funcionários. A custo de R$ 1,8 bilhão em 2016, a empresa custeia 93% do plano, sendo que os empregados pagam apenas 7% do custo.

Ouça aqui a entrevista de Guilherme Campos à CBN

Para o presidente dos Correios, o plano de saúde dos funcionários está matando a estatal. Segundo Campos, nos moldes que opera hoje, o sistema é inviável e não cabe no orçamento da instituição. Ele participou também, nesta quarta-feira (29),de uma audiência pública da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).

Segundo ele, a evolução tecnológica e a internet impactaram diretamente as empresas postais não só no Brasil, mas em todo o mundo. Todavia, em outros países, houve reação mais rápida às transformações. “Cada país achou uma solução, seja na logística, no setor financeiro ou em outros serviços. Temos que achar uma nova formula de sobrevivência”, afirmou.

Guilherme Campos lembrou que os Correios são a estatal mais antiga do país, com 354 anos e foi criada no contexto de monopólico dos serviços postais, o que lhe garantiu bons resultados no passado. “O monopólio postal no passado era tudo, hoje é nada. E está para os Correios assim como o orelhão para as teles. A carta entre pessoas é cada vez mais rara. Quem se lembra da última vez que recebeu uma carta ou um cartão postal?”, questionou.

O presidente da estatal informou ainda que está negociando com sindicatos mudanças no sistema de saúde dos funcionários. Além disso, acrescentou, a empresa continuará empenhada no corte de gastos com despesas e pessoal e deverá concentrar esforços na logística de encomenda, serviço com demanda crescente em tempos de comércio eletrônico.