Consórcio PCJ – que reúne prefeituras, empresas e entidades de mais de 43 cidades – dizem que Sabesp reduziu a dependência do Cantareira e atentou contra a vida útil do sistema.

Folha de S. Paulo

O nível cada vez mais crítico do sistema Cantareira, que abastece diretamente 8,8 milhões de pessoas na Grande SP e indiretamente 5,5 milhões no interior, abriu uma guerra entre o consórcio das regiões de Campinas, Piracicaba e Jundiaí e a Sabesp, empresa de saneamento.

A Sabesp é acusada pelo Consórcio PCJ –reúne prefeituras, empresas e entidades de mais de 43 cidades– de não reduzir a dependência do Cantareira e de atentar contra a vida útil do sistema.

Em nota, o grupo diz que há “equívocos de planejamentos e ações” e cita dois estudos da década de 60 que haviam apontado soluções para suprir o abastecimento da Grande SP até 2050.

“Infelizmente, cometeu-se um erro histórico de planejamento e optou-se pela segunda grande alternativa apontada pelos estudos, que foi a construção do sistema Cantareira”, afirma o consórcio.

Segundo o grupo, a estatal continuou retirando cerca de 31 metros cúbicos por segundo de água do Cantareira, “mesmo sabendo do risco para a vida útil do sistema”, em dezembro, janeiro e fevereiro, levando os reservatórios a níveis “altamente críticos”.

O nível de armazenamento do Cantareira está em 16%, um dos menores patamares desde que foi criado, em 1974.

Para a região dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) são liberados do Cantareira só três metros cúbicos.

Além do Cantareira, o sistema integrado que abastece a Grande SP tem mais cinco represas. Segundo o consórcio, há uma “falsa impressão” de que a região está “protegida e que possui um sistema interligado que garante seu abastecimento”.

Procurada, a Sabesp informou que segue as determinações dos órgãos reguladores do sistema e que investe “de forma contínua e planejada” no fornecimento de água.

Cita ainda a construção de um novo sistema produtor de água e diz que toma “todas as providências para manter a normalidade do abastecimento” na Grande SP.

Ontem, a companhia começou a reduzir em 10% a captação no Cantareira. Na capital, nove bairros serão abastecidos pelas represas Guarapiranga e Alto Tietê.

Racionamento

A disputa ocorre porque o Cantareira é formado pelos rios das regiões de Campinas, Piracicaba e Jundiaí e, paralelamente, é o principal fornecedor da Grande SP.

Na região de Campinas, ao menos quatro cidades estão em racionamento de água.