Projeto prevê inspeção veicular semelhante à adotada por Kassab na capital. Estudos mostram que programa evitou 1.515 internações e 584 mortes por problemas respiratórios

Implementado durante a gestão Kassab na Prefeitura de São Paulo, o programa de inspeção veicular foi uma das mais importantes ferramentas de redução da emissão de poluentes já adotadas na cidade.

 

O Governo de São Paulo planeja implantar em 2018, em todo o Estado, um sistema de inspeção ambiental para os veículos movidos a diesel. A informação é de reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta sexta-feira (3). Para reduzir a emissão de poluentes, o projeto deve ser semelhante ao programa “Inspeção Veicular Ambiental”, adotado na cidade de São Paulo pela Prefeitura na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, em 2008, e que foi interrompida na gestão seguinte, em 2014.

De acordo com o texto, a inspeção estadual verificará todos os veículos movidos a diesel que circulam em São Paulo. De acordo com o Detran, são 1,7 milhão de veículos emplacados no Estado e outros 425 mil vindos de outras regiões.

Implementado durante a gestão Kassab na Prefeitura de São Paulo, o programa de inspeção veicular foi uma das mais importantes ferramentas de redução da emissão de poluentes já adotadas na cidade.

Um estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), que considerou apenas os veículos movidos a diesel que fizeram a inspeção em 2011, revela que, com a redução de poluentes emitidos por esses veículos, foram evitadas 1.515 internações hospitalares e 584 mortes por problemas respiratórios. A relação custo-benefício é enorme, já que isso equivale a uma economia estimada de mais de US$ 79 milhões para o sistema público de saúde, valor que é 20 vezes maior do que o custo das inspeções.

De acordo com estimativas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), caso a inspeção fosse adotada em todos os 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, esses números poderiam ser triplicados. O mesmo estudo aponta que o ganho com a inspeção, apenas em 2011, foi equivalente à retirada dos poluentes emitidos por uma frota de mais de 1,4 milhão de veículos, sendo 1,2 milhão de automóveis, 87 mil motocicletas e 36,3 mil veículos movidos a diesel.

Funcionamento

O Programa de Inspeção Veicular implementado por Kassab verificava todos os veículos da cidade e foi implantado gradativamente, a partir de 2008, inicialmente avaliando as condições da frota de veículos movidos a diesel, motocicletas e carros movidos a álcool, gás ou gasolina registrados no Detran entre 2003 e 2008. Em 2010, todos os carros, motos, ônibus e caminhões com placa da cidade de São Paulo foram obrigados a passar pela inspeção veicular.

Até novembro de 2012 foram feitas mais de 13 milhões de inspeções em mais de 10,4 milhões de veículos. Com o programa, até o final 2012 não houve nenhum dia em que os níveis de emissão de monóxido de carbono ultrapassaram os padrões do Conama, segundo relatórios de qualidade do ar divulgados pela Cetesb.

Lei de Mudanças Climáticas

Proposta em 2009 pela gestão Gilberto Kassab, foi aprovada pela Câmara e previa, entre outras iniciativas, a substituição dos combustíveis fósseis nos ônibus rede municipal. Abandonado pela gestão seguinte, o programa Ecofrota previa trocar todos os ônibus para que em 2018 a frota utilizasse combustíveis renováveis.

Entre 2011 e 2012, dois últimos anos da gestão Kassab, quase 10% da frota de 15 mil coletivos do sistema de transporte municipal à época passaram a utilizar combustíveis renováveis. O Programa Ecofrota previa a utilização progressiva de combustíveis limpos na frota de ônibus de São Paulo e conseguiu, antes de ser suspenso, reduzir em 14% as emissões dos poluentes dos ônibus no primeiro ano de sua implantação, entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012.

Entre 2009 e 2012, Kassab renovou quase a metade dos 200 trólebus – movidos a energia elétrica – que circulam em São Paulo. E até o fim da sua gestão à frente da Prefeitura 1.200 ônibus que usavam uma mistura de 20% de biodiesel de grãos ao diesel já circulavam. A utilização do combustível conhecido como B20 nesses veículos reduziu em até 22% a emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos.