Diretora-executiva da Vetor Brasil, Joice Toyota fala sobre o trabalho da organização, que indica profissionais para projetos em governos municipais e estaduais

 

Desde que foi criada, em 2014, a organização já indicou mais de 150 jovens para 30 governos, administrados por nove partidos políticos.

 
Melhorar a qualidade da gestão pública, com a participação de jovens capacitados e éticos. Esse é o objetivo da ONG Vetor Brasil, que indica profissionais recém-formados para o desenvolvimento de projetos em governos municipais e estaduais. A ideia é proporcionar a cada novo talento a possibilidade de causar um impacto positivo na sociedade, por meio de cargos públicos, e não apenas criticar o cenário político. 
 
Sediada em São Paulo, a organização não tem fins lucrativos e é suprapartidária. Desde que foi criada, em 2014, já indicou mais de 150 jovens para 30 governos, administrados por nove partidos políticos. Há profissionais treinados pela ONG atuando em 24 estados.
 
Os jovens ingressam no serviço público como funcionários comissionados e permanecem no cargo por um período de até dois anos, dependendo da duração do projeto. Em cada parceria, a Vetor Brasil assina com a administração interessada um acordo de cooperação técnica, sem transferência de recursos. Para manter suas atividades, a ONG conta com o apoio financeiro de fundações parceiras. 
 
A média de idade dos trainees é de 26 anos. Antes de iniciarem os trabalhos, todos passam por um treinamento em São Paulo. Os contratados continuam recebendo aconselhamento da Vetor Brasil e, a cada três meses, são submetidos a uma avaliação do gestor indicado pelo governo parceiro da ONG. 
 
Os dois governadores do PSD — Raimundo Colombo, de Santa Catarina, e Robinson Faria, do Rio Grande do Norte — já contaram com trainees da área de gestão pública em projetos educacionais realizados em seus Estados. Em 2015, a Vetor Brasil também desenvolveu atividades com a Secretaria de Planejamento de Goiás, cujo titular era o atual deputado federal do partido, Thiago Peixoto
“Não fazemos um julgamento político. Somos procurados pelos governos, avaliamos o projeto que está sendo desenvolvido e indicamos o trainee com o perfil que o governo está precisando”, explica a cofundadora e diretora-executiva da Vetor Brasil, Joice Toyota, de 33 anos.  
 
Formada em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Joice fez MBA e mestrado em Educação na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. O modelo da Vetor é inspirado na Teach for America, ONG norte-americana que leva estudantes recém-formados para ministrar aulas na rede pública por dois anos. 
 

Joice Toyota, diretora-executiva da Vetor Brasil

Seleção – A diretora-executiva destaca que os trainees devem ter resiliência, excelência em suas áreas de atuação, otimismo, engajamento e precisam acreditar que é possível transformar positivamente o Brasil. A seleção conta com candidatos vindos de todas as regiões do País e inclui testes sobre lógica, atualidades, inglês, perguntas abertas, resoluções de casos e, por último, entrevista com o representante do governo contratante.

 
Iniciado em agosto último, o mais recente processo durou cerca de quatro meses e contou com 14 mil inscritos, dos quais foram selecionados 154 participantes. “Para nós, a diversidade é muito importante. Os aprovados são de 27 cursos diferentes, 37% são negros, 55% do sexo feminino e 14% das regiões Norte e Nordeste”, afirma Joice, que, no último dia 12, venceu na categoria Políticas Públicas do prêmio Veja-se, promovido pela revista Veja
Recentemente, a Vetor começou a trabalhar também com profissionais seniores interessados em cargos de liderança no setor público. “A gente está crescendo muito porque existe uma demanda por esses profissionais. Muitas vezes são talentos que já atuam no governo e carecem de uma oportunidade e, algumas vezes, talentos de fora do governo. Esses profissionais podem potencializar a gestão pública no Brasil”, define a diretora-executiva.