Apesar dos protestos de comerciantes, a prefeitura de São Paulo ameaça reduzir em um quarto o investimento destinado à Operação Delegada – o “bico oficial” da PM na Capital – a partir de maio. Fontes da Polícia Militar, que participaram da renovação do convênio, segundo o jornal Metro, disseram que a verba cairá de R$ 8 milhões para R$ 6 milhões por mês. Essa redução levará a saída de 400 policiais por dia dos quadros da atividade, que concentra suas ações no combate ao comércio ambulante em ruas do centro.

A ameaça repercutiu na imprensa, a exemplo da Rádio Bandeirantes, onde os apresentadores do jornal Gente comentaram a questão. José Paulo de Andrade, por exemplo, ironizou: “A explicação da Prefeitura deve ser o não aumento do IPTU, a queda na previsão orçamentária, mas também está envolvido o ano eleitoral”. Rafael Colombo completou: “a Prefeitura de São Paulo precisa se explicar, porque o prefeito Fernando Haddad na campanha não só prometeu manter como também ampliar a Operação Delegada. E ele tem diminuído a Operação”.

Em funcionamento há mais de quatro anos, a Operação Delegada libera policiais militares em folga para a prefeitura, que fica responsável pelo pagamento de um salário adicional. Comerciantes dos bairros do Brás e do Bom Retiro já reclamam da ausência de PMs na região desde o início da semana. Após buscarem uma resposta para a queda no efetivo, eles foram informados que a operação foi suspensa nas duas regiões. Como consequência, camelôs voltaram a ocupar ilegalmente calçadas de ruas comerciais da cidade.

A Operação Delegada mostrou-se eficaz na redução da criminalidade em todas as regiões em que foi instituída. Na área da Rua 25 de Março, por exemplo, os roubos caíram 59%. Nas Subprefeituras da Mooca, Santo Amaro e Sé, a criminalidade caiu 70%. Na gestão Kassab, a Prefeitura investiu R$ 150 milhões na Operação Delegada em 2012. Entre 2009 e 2011, R$ 513,9 milhões foram aplicados na iniciativa.

Segurança

Em seus encontros com líderes políticos e empresariais do Interior do Estado, Kassab tem se manifestado também sobre a importância de um maior investimento do Estado na área de segurança dos municípios. “O Conselho de Segurança do PSD aprovou, no ano passado, duas propostas que farão parte do programa de governo do partido para a sucessão estadual de 2014. A primeira medida é que o Governo do Estado banque o custeio dos convênios com as Prefeituras que quiserem implantar a Operação Delegada”, explicou o ex-prefeito paulistano. “Os municípios não têm a obrigação de investir em segurança pública, mas as pessoas vivem nas cidades e sofrem os efeitos da criminalidade e da violência”, afirmou.

Ele lembrou que, na época em que era prefeito de São Paulo, foi desenvolvido um trabalho integrado entre a GCM, a Polícia Civil e a Polícia Federal para combater a pirataria e o comércio ilegal. “Essa política evoluiu e criamos a Operação Delegada em parceria com a Polícia Militar, que consiste em permitir que os policiais militares que tiverem interesse trabalhem oficialmente em seus dias de folga”.

A expectativa dos especialistas em segurança pública do PSD é que, a partir do momento em que o Governo do Estado garantir o custeio da Operação Delegada, dezenas de municípios que têm limitações financeiras e têm dificuldades para criar novos programas e serviços possam firmar convênio com a Polícia Militar.