14/02/2014
Sérgio Rondino: José Police Neto acaba de assumir a liderança da bancada do PSD na Câmara Municipal de São Paulo. Aos 41 anos de idade ele está em seu terceiro mandato como vereador. Licenciou-se do cargo em 2006, quando foi secretário de Participação e Parceria na gestão do prefeito Gilberto Kassab. Retornou à Câmara em 2007 e foi líder do governo Kassab até 2010. Em 2008 e 2012 Police Neto foi apontado como o melhor vereador da cidade pela ONG Voto Consciente e pela revista Veja São Paulo. Este ano, ele é considerado no PSD paulista um quadro de qualidade e forte potencial para a eleição de deputado estadual.
Sérgio Rondino: O que a cidade e o PSD podem esperar da liderança de José Police Neto na Câmara?
Police Neto: A primeira questão é o equilíbrio. O PSD veio exatamente para equilibrar esse jogo tão desigual do poder dentro das casas legislativas. Durante muito tempo PSDB e PT duelaram e muitas vezes destruíram a esperança da população de municípios e Estados. Aqui na cidade de São Paulo e no nosso Estado não é diferente. E o PSD veio exatamente para isso. Para ser a razão, o estudo, a parte técnica, a oferta à sociedade, de fato, de desenvolvimento. Não o discurso, e sim a prática. Não a fala sem consequência, não a fiscalização para expor a gestão, e sim a fiscalização para a melhor gestão. Apontar os problemas e as soluções. E dentro das soluções, aquela que tem o menor custo. Esta é a nossa função na liderança.
Sérgio Rondino: Dentro dessa linha de identificar problemas e soluções, a cidade vive hoje um momento tenso com a questão do calor excessivo, com a possibilidade da falta de água. Como é que o senhor vê essa questão aqui na cidade?
Police Neto: É conflito de Estado e Município dentro da Região Metropolitana. Primeiro uma incompetência de gestão do Estado na gestão da água, na gestão do recurso hídrico. Já está faltando água em Guarulhos, já está faltando água em Campinas, região metropolitana de Campinas. Valinhos já sofre com isso, e já está anunciado aqui para a Região Metropolitana da cidade de São Paulo um hipotético racionamento se as restrições apontadas pela Sabesp não vingarem. Ruim. Muito ruim.
Mas de outro lado, se a falta de chuva produziu este problema, ela evitou outro. A cidade de São Paulo deixou de investir nas áreas de risco. O prefeito Kassab, durante a sua gestão, investiu mais de um bilhão de reais em áreas de risco hidrológico e geológico. Portanto, as áreas onde chove podem matar as pessoas, a água pode matar as pessoas onde o solo é frágil. E a chuva também pode ocasionar isso. O Kassab foi muito responsável, conseguindo enxergar, dentre as necessidades… essa era uma área prioritária.
O IPT, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do nosso Estado, fez uma profunda investigação para reconhecer as áreas mais vulneráveis. E nessas áreas tem investimento. No ano passado, o prefeito Haddad tinha 204 milhões de reais para investir nessas áreas. Não investiu mais de oito milhões. Menos de 4%. Se de um lado a ausência de chuva é ruim porque pode faltar água, por outro, aliviou um erro de gestão. Aquilo que foi prioridade até outro dia para a gestão Kassab, deixou de ser prioridade para a gestão Haddad.
Por sorte, não choveu. Por chover pouco, a gente pode ter racionamento de água, mas não colocamos em risco a vida das pessoas.
Sérgio Rondino: Mas investiu menos porque não teve recursos ou por outra razão?
Police Neto: Por outra razão. Recurso tinha, todos sabem que terminou a gestão Kassab com cinco bilhões de reais em caixa. Nunca a cidade de São Paulo teve uma situação tão equilibrada, mas errou nos investimentos. Colocou em risco a vida das pessoas e, portanto, todo cidadão paulistano perdeu com isso. O dinheiro ficou em caixa, rendendo para os bancos e não reduzindo um problema do cidadão. Mas isso não foi diferente em outras áreas, e isso vai deixando a sociedade paulista muito tensa, muito preocupada.
A questão do IPTU e o debate do IPTU revela muito isso. O IPTU podia gerar uma inflação no Município de São Paulo à medida que, ao impor 35% mais inflação para o setor comercial… o setor poderia transferir isso para os produtos e gerar uma inflação na cidade de São Paulo que desencadearia, para o Brasil, algo muito perigoso.
E os ensinamentos do nosso economista Henrique Meirelles, nosso candidato ao Senado, assim todos esperam, já mostram que a cidade de São Paulo é elemento fundamental da economia brasileira. É a locomotiva desse processo, e quando vai mal São Paulo vai mal o Brasil. Por isso o PSD tem que ajudar o prefeito Haddad a errar menos e acertar muito mais.
A questão do transporte e mobilidade na cidade de São Paulo é outra questão que salta aos olhos. São Paulo vem perdendo investimentos mundiais na medida em que não consegue apresentar soluções a curto, médio e longo prazos. Nada na cidade de São Paulo anda bem na questão de mobilidade.
Sem dúvida nenhuma, pintar as faixas exclusivas é importante para dar fluidez, mas não quando você gera mais conflito do que solução. A iniciativa é importante de você estabelecer absoluta prioridade para o transporte coletivo? Sem dúvida. Mas sem planejamento a gente põe a cidade em risco. Agora vem a questão do táxi. O táxi transporta a economia de negócios. Ao impedir o táxi de circular livremente podemos perder aquilo que mantém a economia da cidade de São Paulo acesa. A economia de negócios, que é transportada pelos táxis. Essas questões parecem simples, mas não são. E a cidade de São Paulo perde muito com isso. E perde a economia nacional.
Por isso o PSD veio para debater com profundidade, com respeito ao prefeito que legitimamente tem o seu cargo, construído numa eleição democrática, mas que não pode não reconhecer uma bancada de oito vereadores, absolutamente nova, é verdade, o partido acaba de completar dois anos, mas já tem oito vereadores, e ali faz o bom debate para o auxilio do cidadão e da cidade de São Paulo.
Link: https://psd-sp.org.br/saopaulo/integra-da-entrevista-com-o-vereador-jose-police-neto/
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