O jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição desta quinta-feira (8), informa que a quantidade de pontos de captação de água de qualidade ruim ou péssima para o abastecimento público subiu 50% em rios e reservatórios paulistas no ano passado. Relatório divulgado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) revela que em 18% dos 76 postos de monitoramento no Estado a água apresentava índices elevados de substâncias tóxicas, exigindo um tratamento especial antes do consumo humano. Em 2012, a reprovação atingia 12% da rede.
Segundo o levantamento, que é divulgado anualmente pelo órgão ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, houve uma redução de 23% nos pontos de captação que apresentavam índice de qualidade da água considerada ótima ou boa, chegando a 47% dos postos de monitoramento. Outros 35% apresentaram índice regular. Ao todo, os rios e reservatórios onde a água é coletada seis vezes por ano para avaliação em laboratório fornecem água para 22 milhões de habitantes, mais da metade da população paulista. Cerca de 80% dos municípios captam água subterrânea.
“Além dos parâmetros sanitários, que avaliam a presença de coliformes e metais pesados, por exemplo, esse índice tem outras variáveis, como as substâncias organolépticas, que interferem na cor, no sabor e no odor da água. Quanto maior a concentração dessas substâncias, pior o índice. Mas isso não quer dizer que a população esteja consumindo água com mercúrio, por exemplo. Significa que essa água precisa de um tratamento especial porque têm quantidade maior de substâncias tóxicas”, explica Nelson Menegon, gerente de divisão da qualidade das águas e do solo da Cetesb.
Dos 76 pontos de monitorados da companhia, três apresentaram qualidade péssima: reservatório Cascata, em Marília, Rio Cotia, em Carapicuíba, e o Rio Piracicaba, na cidade que leva o mesmo nome. No reservatório Paiva Castro, em Mairiporã, onde passa toda a água retirada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) do Sistema Cantareira, a qualidade é boa.
Os dados da Cetesb mostram que, no geral, a índice vinha apresentando melhora desde 2010, mas voltou a piorar no ano passado. Para o coordenador do Programa Água para a Vida da ONG WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas, a queda na qualidade da água reflete um problema de gestão dos recursos hídricos. “Nós temos mais de 200 comitês de bacias hidrográficas criados no País que não se reúnem, que não têm recursos financeiros nem cobrança. A política nacional de saneamento foi um grande avanço, o problema é que ela não sai do papel. Falta vontade política”, afirma.
Sem consumo. Em relação ao índice geral de qualidade das águas superficiais no Estado, não usadas para abastecimento público, a Cetesb constatou em 2013 que 84% dos 260 pontos monitorados mantiveram classificações como ótima, boa ou regular, índice semelhante ao de anos anteriores. Segundo o relatório, 32 postos apresentaram uma tendência de melhora, como o Rio Atibaia, na região de Campinas, e dois uma tendência de piora, como o Braço do Rio Grande, na Represa Billings, onde o índice ainda é considerado bom. “Isso pode ser reflexo dos investimentos feitos no tratamento de esgoto, que subiu de 45% para 60% da rede”, afirma Menegon.