Em reportagem publicada nesta segunda-feira (16), o jornal paulistano Agora mostra que, apesar de a Prefeitura afirmar que o combate ao comércio ilegal continua sendo realizado por meio da Operação Delegada, o viaduto do Chá, um dos principais cartões-postais de São Paulo, convive dia a dia com um camelódromo irregular. Nem o fato de o viaduto – inaugurado há 122 anos – estar ao lado do edifício Matarazzo, onde fica o gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT), assusta os ambulantes, diz o jornal.
A reportagem prossegue lembrando que, da manhã até a noite, de 20 a 25 vendedores ambulantes ficam ali, além de cartomantes e artistas de rua. O número de camelôs é maior no final da tarde, quando a movimentação de pedestres na região aumenta.
A lista de produtos inclui água, chocolate, refrigerante, chiclete, cigarro, bala, minimáquina de costura, pente, cortador de unha, tesoura, cadeado, lupa, cosmético e roupa. Há, também, produtos de grife falsificados e até celulares roubados.
Quando a Operação Delegada foi lançada na cidade de São Paulo, em 2009, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, o comércio ilegal foi combatido nos principais pontos da cidade, como o da conhecida rua 25 de Março, no centro. A presença dos PMs não só inibiu os ambulantes irregulares como também os roubos, que tiveram uma queda de 59%. Até o final de 2012, a cidade chegou a ter 4.300 pontos com policiais militares distribuídos pelas 31 subprefeituras. No ano passado, já na nova gestão, o número foi reduzido para apenas 1.800.
No início de abril deste ano, o governador Geraldo Alckmin anunciou 1 mil novos postos para a Operação Delegada para serem distribuídos por toda a Capital e região Metropolitana de São Paulo. Segundo o idealizador do programa, o vereador Coronel Camilo (PSD), a quantidade de postos disponibilizados é muito pequena para atender tantas regiões e municípios. “Esse número de policiais fica tão diluído que os resultados tendem a não ser satisfatórios”, comentou ele..
Projeto de referência
A Operação Delegada foi lançada em dezembro de 2009 na cidade de São Paulo durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, juntamente com o então comandante da Polícia Militar de São Paulo, Coronel Camilo. Desde o seu lançamento até o final de 2012, a Operação Delegada foi implantada em todas as 31 subprefeituras da cidade. Nessa época, foi registrada uma queda real em média de 60% da criminalidade nas áreas onde ela estava atuante. Na região central da cidade, por exemplo, na rua Santa Ifigênia, houve queda de 88% no número de furtos. O projeto tem sido referência para outras prefeituras e, para o Governo do Estado. Atualmente, 36 cidades contam com a Operação Delegada, como Mogi das Cruzes, Sorocaba e a Baixada Santista.
A Operação Delegada consiste em um convênio entre o Governo do Estado e a Prefeitura com o objetivo de reforçar o policiamento e reduzir a criminalidade. Para isso, o policial militar pode optar em trabalhar no seu dia de folga, fardado e com remuneração extra. Na versão original, os policiais são pagos com dinheiro do município, enquanto na versão estadual, adaptada por Alckmin, é o Estado que banca as diárias extras dos policiais.