De acordo com reportagem publicada pelo portal G1, da TV Globo, o Ministério da Saúde atualizou para 125 o número de municípios do Brasil com risco alto de registrar infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre chikungunya. O Ministério considera o risco alto quando são encontrados focos do mosquito em quatro de cada cem casas visitadas. Os dados fazem parte do Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes Aegypti (LIRAa), feito em outubro.
Foram analisadas 1.524 cidades com locais com larvas do mosquito, para apontar as regiões com maior risco de transmissão das doenças. Rio Branco é a única capital em situação de risco, dez outras apresentaram situação de alerta (Porto Alegre, Cuiabá, Vitória, Maceió, Natal, Recife, São Luís, Aracaju, Belém e Porto Velho) e 11 estão com índices satisfatórios (Curitiba, Florianópolis, Brasília, Campo Grande, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Macapá, Teresina e João Pessoa). Boa Vista, Manaus, Palmas, Fortaleza e Salvador ainda não apresentaram ao Ministério da Saúde os resultados do LIRAa.
Ao todo, 552 cidades foram classificadas em situação de alerta (com uma a três casas a cada cem com larvas) e 847 apresentaram situação satisfatória (um ou menos de cada centena continha focos do Aedes aegypti). A preocupação é maior por causa dos casos de chikungunya. Até 25 de outubro, foram diagnosticados 824 casos da febre no país. O primeiro foi confirmado em setembro. Já os casos de dengue somam 556.317 este ano. Neste ano, 379 pessoas morreram por dengue no país, segundo o Ministério da Saúde. Em 2013, foram 646 óbitos.
A campanha lançada pelo Ministério, com o slogan “O perigo aumentou. E a responsabilidade de todos também”, busca chamar a atenção sobre a importância da prevenção da reprodução ao mosquito transmissor das duas doenças. A campanha mostra os principais criadouros, como vasos de plantas com água, sacos de lixo, caixas d’água abertos, pneus desprotegidos e garrafas plásticas destampadas.
Exemplo de São Paulo
Durante a gestão de Gilberto Kassab à frente da Prefeitura de São Paulo a cidade registrou grande redução no número de casos com as ações de prevenção. Além de ter aumentado o investimento na Saúde ao longo da gestão (de 15% para 20% do Orçamento), a administração promoveu a descentralização das ações preventivas e afastou o risco de epidemia. Nos últimos três anos da gestão, os casos caíram de 5.866, em 2010, para 1.150 em 2012.
O ano todo de 2012 em comparação com 2011 registrou uma queda de 72% nos casos. A descentralização dos agentes de zoonoses, estratégia implementada pela Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA) a partir de 2009, foi fundamental para o controle e a redução dos casos de dengue em São Paulo, durante a gestão Kassab. Distribuídos pela cidade, os agentes formavam grupos nas áreas mapeadas pela COVISA em conjunto com as Supervisões de Vigilância em Saúde (SUVIS).
Cada agente desenvolvia o seu trabalho num determinado raio de abrangência, tendo como ponto de apoio, entre outros, unidades de saúde e escolas, o que facilitava o seu deslocamento nas regiões localizadas no entorno de sua “base de trabalho”. Antes dessa mudança, os agentes ficavam lotados em 25 SUVIS e, após a descentralização, passaram a desenvolver suas atividades de maneira mais abrangente e focada nas regiões mais vulneráveis.
Esse trabalho desenvolvido pelo Município contava com 2,7 mil agentes de zoonoses e 6 mil agentes comunitários de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF), que trabalhavam ininterruptamente durante o ano inteiro. Responsável pela mesma região, o profissional passava a conhecer os moradores e ser reconhecido por eles.
Chikungunya
A febre chikungunya possui sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. Em compensação, o novo vírus é menos letal do que a dengue. Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.