Informações preliminares mostram que crescimento das emissões foi 44% inferior às projetadas desde 2009 caso não houvesse sido adotada nenhuma medida mitigadora; dados não incluem alta do desmatamento na Amazônia

 

Floresta Amazônica, que registrou alta no desmatamento

Floresta Amazônica, que registrou alta no desmatamento

O Brasil poderá alcançar antes de 2020 as metas autoimpostas de redução das emissões de gases de efeito estufa, segundo reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo nesta sexta-feira (14). As informações são da Secretaria de Políticas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Os números mais recentes, relativos a 2012, mostram que as estimativas anuais são inferiores às projetadas em 2009, quando o País assumiu o compromisso. Conforme a reportagem, até agora, o crescimento das emissões é 44% inferior do que seria se não tivessem sido tomadas medidas de controle. A meta estabelecida pelo governo era entre 36% e 39%.

Das quatro áreas em que são medidas as emissões – Energia, Agropecuária, Mudança do Uso da Terra e Florestas, Indústrias e Resíduos – foi o uso da terra que teve a maior redução (87%) por causa da diminuição do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, de 80% e 40%, respectivamente, na comparação com a média entre 1996 e 2005.

De acordo com o jornal, esses números não incluem o crescimento da área desmatada registrado neste ano e em 2013. Dados do Sistema de Alerta do Desmatamento, operado pelo Instituto Imazon, apontam que em agosto o desmatamento teria alcançado 890 km², aumento de 208% em relação a 2013, e 736 km² em setembro, 66% a mais que no mesmo mês do ano passado.

Exemplo de São Paulo

À frente da Prefeitura paulistana, a gestão Gilberto Kassab foi precursora no país ao adotar uma série de medidas para mitigar a poluição na capital. Kassab implementou em 2008 a inspeção veicular, com benefícios que equivaliam a retirada de 1,4 milhão de veículos das ruas. Lamentavelmente o programa foi interrompido pela gestão que o sucedeu, em 2013.

Segundo a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, levando-se em conta apenas os veículos a diesel que fizeram a inspeção em 2011 na cidade, foram evitadas 1.515 internações hospitalares e 584 mortes por problemas respiratórios. Isso resultou numa economia de mais de US$ 79 milhões ao sistema público de saúde.

Em 2009, foi sancionada a Lei de Mudanças Climáticas de São Paulo, que tornou São Paulo pioneira ao adotar a Política de Mudanças do Clima no Município, projeto do Executivo aprovado por unanimidade na Câmara Municipal. A lei estabelecia, entre outras iniciativas, a meta de redução de 30% das emissões dos gases que causam o efeito estufa (GEE) na cidade e a redução progressiva do uso de combustíveis fósseis (diesel e gasolina) por parte da frota de ônibus da cidade, a uma proporção de 10% por ano. Conforme a Lei, todo o sistema de transporte público do município deverá operar com combustível renovável até 2018.

Na sequência, foi criado o Programa Ecofrota, para substituir gradativamente o uso de combustíveis fósseis por renováveis na frota de 15 mil ônibus paulistana. No final de 2012, eram mais de 1.200 coletivos que utilizavam algum tipo de combustível limpo, como etanol, diesel de cana-de-açúcar e B20 (adição de 20% de biodiesel ao diesel). O Ecofrota reduziu em 14% as emissões dos poluentes dos ônibus no primeiro ano de sua implantação, entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012. São Paulo também foi a primeira cidade do Brasil a contar com o serviço de táxis elétricos e híbridos. Em 2012, dez veículos elétricos e 20 híbridos passaram a integrar a frota no município.

A gestão plantou mais de 1,5 milhão de árvores em sete anos e ampliou de 34 para 100 o número de parques.