Criado durante a gestão de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo, o Programa Ecofrota – que prevê a utilização progressiva de combustíveis limpos na frota de ônibus de São Paulo – reduziu em 14% as emissões dos poluentes dos ônibus no primeiro ano de sua implantação, entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012. Porém, o projeto perdeu importância na administração do prefeito Fernando Haddad.
Reportagem publicada nesta quinta-feira (13) no jornal Metro mostra que a substituição de ônibus movidos a diesel por modelos que circulam com energia limpa deixou de ser prioridade. Balanço apresentado pela SPTrans mostra que a Ecofrota encolheu. Antes eram 1.746 coletivos. Atualmente são apenas 656, uma queda de 62,4%.
“De acordo com a SPTrans, 60 ônibus são movidos a etanol, 395 por diesel de cana de açúcar e 201 são trólebus. Hoje, a frota ´limpa’ representa somente 4,4% do total de 14.774 coletivos”, diz a reportagem do Metro.
Segundo o secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, o uso de energia limpa aumentou os custos da Prefeitura. Os trólebus, por exemplo, aumentaram o consumo de energia elétrica. E, no caso dos ônibus que circulam com etanol, “os altos e baixos da produção em usinas pelo País tornam a operação cara para a Prefeitura”.
Além de circular atualmente com uma frota mais poluente, a substituição por modelos abastecidos com energia renovável vai demorar mais do que o previsto. A nova licitação do transporte público, que prevê a substituição, foi prorrogada em 20 dias para o período de consulta do edital. A medida deve atrasar a concorrência.
Aposta no meio ambiente
Entre 2009 e 2012, a gestão Kassab renovou quase a metade dos 200 trólebus que circulam em São Paulo e emitem zero poluentes. Até 2012, havia 1.200 ônibus abastecidos com uma mistura de 20% de biodiesel de grãos ao diesel. Além disso, outros 160 ônibus passaram a ser abastecidos com 10% de diesel de cana. Os testes apresentaram uma redução de até 41% de fumaça preta, comparado com os veículos abastecidos com diesel B5 (mistura de 5% de biodiesel ao diesel). Completavam a Ecofrota mais 60 veículos abastecidos com etanol, que operam com redução de emissão de material particulado, NOx e sem liberar enxofre no ar de São Paulo.
Até 2012, dos 15 mil ônibus da frota municipal, 13.280 (ou 88,5%) haviam sido renovados, proporcionando redução de emissão de poluentes e maior conforto aos passageiros.
E mais: na gestão Kassab, a cidade de São Paulo foi a primeira do País a contar com o serviço de táxis elétricos. Em junho de 2012, foi autorizada a emissão de 290 novos alvarás de táxis, sendo 116 para veículos híbridos (movidos a energia elétrica e álcool/gasolina), 116 para carros “flex” e 58 para “táxis acessíveis” destinados a atender passageiros com mobilidade reduzida.
Longe da meta
A decisão do prefeito Fernando Haddad de não dar continuidade ao projeto Ecofrota deixa a Prefeitura longe de cumprir a meta da Lei de Mudanças Climáticas, que prevê a redução de 30% da emissão de gases até 2017.
De acordo com a SPTrans, os ônibus em circulação na cidade emitem todos os dias 3,9 toneladas de dióxido de carbono. Os trólebus não emitem poluentes e os veículos movidos a etanol têm uma redução de 90% na emissão de material particulado, incluindo o dióxido de carbono. Esse percentual cai para 9% no caso dos coletivos abastecidos com o diesel de cana.