Encontro promovido pelo Espaço Democrático reuniu especialistas para debater as novas características do eleitorado. Para eles, as próximas eleições serão diferentes e devem trazer avanços importantes para o País.
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Da esquerda para a direita: Ivo Gobatto, Luiz Machado, Woile Guimarães e Rubens Figueiredo.

O atual quadro político brasileiro indica que está surgindo um novo eleitor, mais informado, mais conectado com outros eleitores e mais exigente. Essa nova postura, somada às mudanças trazidas pela reforma política, que encurtou os prazos de campanha e reduziu as fontes de financiamento, criam um cenário eleitoral completamente diferente do anterior, com o qual candidatos a prefeito e vereador terão que lidar nas eleições de 2016.

Para analisar essa nova situação, o Espaço Democrático – fundação do PSD para estudos e formação política – realizou nesta quarta-feira (28) seu 16º Encontro Democrático, no qual reuniu os especialistas em questões políticas Ivo Gobatto Júnior, Woile Guimarães e Rubens Figueiredo. O coordenador do debate foi o vice-diretor da FAAP, Luiz Alberto Machado.

Os Encontros são promovidos pelo Espaço Democrático com o objetivo de discutir temas de interesse para a sociedade brasileira e analisar boas práticas de gestão pública, produzindo conhecimento para orientar a ação dos integrantes do partido nas diversas instâncias de atuação. Entre outros, já foram debatidos temas relacionados a saúde, educação, turismo, esportes, transporte urbano, parcerias público-privadas (PPPs) e Estatuto do Desarmamento.

No debate sobre “As novas características do eleitorado brasileiro”, nesta quarta-feira (28), a conclusão dos participantes foi que, apesar da elevada rejeição à classe política, do pessimismo e da desesperança que pairam no ar, há motivos para otimismo. Para eles, a nova postura do eleitorado indica que os cidadãos estão mais informados e exigentes, o que abre espaço para partidos e candidatos realmente qualificados, que saibam se colocar ao lado do eleitor de forma permanente, com honestidade de propósitos e falando sempre a verdade.

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O jornalista Woile Guimarães

O jornalista Woile Guimarães – que já atuou por alguns dos principais veículos de comunicação do país e participou de diversas campanhas eleitorais – acredita que, embora a descrença na classe política nunca tenha atingido níveis tão elevados no Brasil, não se pode dizer nem mesmo que o PT (partido mais atingido pelos escândalos) está “morto”, pois ele representa os anseios de uma parcela importante da população e, de uma forma ou de outra, continuará recebendo votos nos próximos pleitos.

Para ele , “há muito pessimismo e desesperança no ar, mas estamos diante de um eleitor com mais informação e desejo de participar da vida nacional”. Assim, em sua opinião, “nas próximas eleições teremos um eleitor mais ativo, mais participativo, e decidido a mudar os destinos de sua cidade”.

Ivo Gobatto Júnior, especialista em Direito Eleitoral, professor do Mackenzie e consultor de campanhas eleitorais desde 1994, tem opinião semelhante. Para ele, “a rejeição à classe política chegou a um nível inédito na história do País e, para enfrentar essa situação, os candidatos têm agora que mostrar de forma clara aos eleitores que são qualificados, que realmente têm condições de executar o que se propõem a fazer e que são diferentes de tudo o que está acontecendo no Brasil hoje”.

Em sua opinião, quem se dispõe a participar de campanhas eleitorais precisa estar disposto a se dedicar a uma aproximação “diária, cotidiana, com o eleitor”. Só assim, disse Gobatto, será possível mudar o cenário e ter sucesso nas próximas eleições.

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Ivo Gobatto: “Rejeição à classe política chegou a um nível inédito na história do País”

Para o cientista político Rubens Figueiredo – consultor do Espaço Democrático que participou de várias campanhas eleitorais e escreveu livros sobre marketing político e eleições – as pesquisas mostram que o nome mais forte para as próximas eleições é o “opositor conhecido”, por isso a aproximação com o eleitor, antes da campanha, vai ser decisiva, assim como falar sempre a verdade. Segundo disse, “pré-campanha não é escrever kkkk no Facebook, mas ir até o eleitor e falar a verdade”.

Figueiredo lembrou que o novo eleitor tem agora à sua disposição ferramentas virtuais que o tornam mais ativo na busca de informação e na influência sobre outros eleitores. “Ele se informa e forma opinião pública por meio das redes sociais, é menos passivo, procura mais informações e sabe que, se quiser, pode conseguir uma vida melhor”, explicou.

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Rubens Figueiredo: “Novo eleitor se informa e forma opinião pública por meio das redes sociais”

Para a ex-vice-prefeita de São Paulo e coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio, o atual quadro de insatisfação com a classe política não necessariamente prevalecerá até às próximas eleições. “O cenário de 2016 ainda não está posto”, disse ela, para quem “as dificuldades para os candidatos certamente serão grandes, mas o que estiverem realmente motivados, sinceramente interessados em trabalhar pelo eleitor, estarão em vantagem, assim como os partidos realmente conectados com as aspirações da população”. E concluiu: “Estou animada, porque serão favorecidos os candidatos honestos e competentes, assim como partidos novos e limpos como o PSD. Temos que mostrar isso aos eleitores”.