A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisa casos de maus-tratos a animais debateu em audiência pública, nesta terça-feira (10), a utilização de bois, touros e cavalos em espetáculos de rodeio. “Esse é um tema que gera polêmica e várias denúncias. Trouxemos especialistas com visões diferentes para iniciar essa importante discussão e quebrar um tabu, uma vez que era praticamente proibido discutir sobre rodeio e vaquejadas na Câmara”, observou o deputado Ricardo Izar, do PSD de São Paulo, presidente do colegiado.
O médico veterinário Cesar Vilela defendeu os rodeios. Segundo o especialista, nos eventos os animais recebem acompanhamento e são avaliados periodicamente por uma equipe de profissionais. Ele ressaltou ainda que os rodeios são devidamente regulamentados (Leis 10.519/02 e 10.520/02), com normas sobre o tratamento adequado aos animais.
Vilela também lembrou que os organizadores seguem o Regulamento do Bem-Estar Animal em Competições, que lhes confere uma certificação para seguirem realizando os eventos. “Os animais possuem dietas e cuidados diferenciados de saúde porque são tratados como atletas. As normas visam, principalmente, ao bem-estar deles e há um aprimoramento constante em sua aplicação.”
Já o ativista da causa animal Leandro Ferro manifestou-se contrário à realização dos rodeios e contestou a exposição do veterinário. “Não adianta cuidar da estrutura se na hora do evento o animal é esporado e chicoteado.”
Para o deputado Goulart, do PSD de São Paulo, membro da comissão, o debate é importante para que as ações legislativas sobre o tema levem em conta a proteção aos animais. “Um aspecto positivo a ser considerado, no caso de grandes eventos desse tipo, como a festa do peão de Barretos, é que parte da renda é destinada ao Hospital do Câncer da cidade.”
“Cresci em fazendas, em meio aos animais, tenho grande respeito e sou autor de projetos em defesa deles. Porém, entendo que o boi de rodeio é muito bem tratado e não é vitimado pelo abate. Além disso, estes eventos movimentam a economia das cidades, com geração de empregos e renda”, acrescentou o sub-relator da CPI, deputado Herculano Passos, do PSD de São Paulo.