O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, participou nesta quarta-feira (10) do ato de lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, na sede da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. No evento, o presidente da CNBB, dom Sérgio da Rocha, colocou-se contra a ideia de que o aborto seria alternativa para enfrentar o aumento de casos de microcefalia de bebês, associados ao vírus zika, conforme afirmou o principal comissário de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Zeid Ra’ad Al Hussein.
O funcionário da ONU recomendou a países com casos de zika flexibilizar leis a fim de permitir o aborto nos casos de microcefalia. Para o presidente da CNBB, o aborto “não é a resposta” para o vírus zika. “Nós precisamos valorizar a vida em qualquer situação e qualquer condição que ela esteja. Menor qualidade de vida não significa menor direito a viver, com menos dignidade humana”, afirmou.
Para o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, o tema “é muito apropriado ao que se vive no Brasil e em alguns países do mundo” e está vinculado diretamente à dignidade, ao combate à pobreza e à saúde pública. Kassab disse que o Brasil está aquém do ideal nos índices de saneamento básico, apesar de que nos últimos anos tenha melhorado alguns indicadores. O ministro prometeu investimentos para continuar avançando. “O Governo Federal fará sua parte num esforço muito grande para dar apoio à essa Campanha da Fraternidade”, afirmou.
Para ele, há uma relação “muito forte” entre a ausência do tratamento sanitário adequado e proliferação do mosquito. “[A proliferação do vírus] efetivamente tem uma relação muito forte com a ausência de tratamento e de esgotamento sanitário nas dimensões determinadas pelas organizações sociais. O Brasil, infelizmente, está ainda aquém desses índices [de saneamento básico]. Por mais que nos últimos 11 anos tivemos melhorias, que não tivemos em outras épocas do Brasil, ainda deixamos a desejar”, afirmou o ministro.
Segundo Kassab, o governo está tratando o assunto como prioridade e vai investir cada vez mais no saneamento básico. Ele disse ainda que a campanha “acertou em cheio” ao tratar do tema. “É fundamental que possamos investir cada vez mais para que possamos ter condições de combater epidemias para que possamos proporcionar qualidade de vida às pessoas”, disse.
Dom Sérgio da Rocha afirmou que as entidades contam com o governo para enfrentar a ameaça do vírus. “Temos a necessidade de um trabalho sério e continuado do poder público. Não se pode apenas colocar esse assunto em pauta em um momento de emergência”, afirmou.
Ao lado de representantes de outras igrejas cristãs, dom Sergio da Rocha lembrou que a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 tem por tema a “Casa comum, nossa responsabilidade”.
Neste ano, o foco da campanha é o saneamento básico. Durante a campanha, serão distribuídos nas igrejas folhetos informativos sobre o saneamento básico. Além disso, as entidades orientam as igrejas a mobilizarem as comunidades para que se informem sobre o saneamento básico de sua região e cobrem melhorias do poder público.
De acordo com as entidades, o saneamento básico já era um tema previsto para a campanha havia dois anos, mas se tornou ainda mais urgente em 2016. As entidades ressaltam que o tema também serve como alerta para o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus zika, da dengue e da febre chikungunya.
Segundo dom Sergio, as entidades estão preocupadas com a “ameaça” do vírus às famílias brasileiras. “Infelizmente, a nossa casa comum está sendo hoje assolada pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças, e a nossa família comum está sofrendo e morrendo por causa das enfermidades transmitidas por ele. E a falta de saneamento básico tem contribuído para a proliferação dos mosquitos”, afirmou dom Sergio.
A programação da campanha também prevê, no dia 20 de março, a Coleta Ecumênica da Solidariedade, na qual fiéis fazem doações para o Fundo Ecumênico Nacional da Solidariedade, que apoia iniciativas de organizações que desenvolvem ações relacionadas ao tema da campanha.
A Campanha da Fraternidade Ecumênica é realizada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e assumida pelas igrejas-membro: Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil e Sírian Ortodoxa de Antioquia. Além dessas igrejas, estão integradas à Campanha a Aliança de Batistas do Brasil, Visão Mundial e Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP).
Este ano, a CFE terá dimensão internacional, pois será realizada em parceria com a Misereor – entidade da Igreja Católica na Alemanha que trabalha na cooperação para o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina.