Para o ministro Gilberto Kassab, o arcebispo emérito de São Paulo “nos deixa inúmeros ensinamentos e exemplos de conduta”. A coordenadora do PSD Mulher, Alda Marco Antonio, lembrou sua luta contra a ditadura
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Dom Paulo foi chamado de cardeal da liberdade, bispo dos oprimidos, cardeal dos trabalhadores, bispo dos presos, bom pastor, cardeal da cidadania, guardião dos direitos humanos e tantos outros.

 

O presidente licenciado do PSD, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Gilberto Kassab, lamentou nesta quarta-feira (14) o falecimento de D. Paulo Evaristo Arns. Para o ministro, o arcebispo emérito de São Paulo “nos deixa inúmeros ensinamentos e exemplos de conduta e de como atuar em defesa de quem realmente precisa”. De acordo com Kassab, D. Paulo foi um amigo do povo. “Tive a honra e o privilégio de, além de acompanhar sua trajetória, estar com ele em algumas oportunidades e tenho certeza que seu legado será tão grande quanto a saudade que sentiremos“.

A coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio, também se manifestou nas redes sociais sobre a morte do arcebispo. “Faleceu Dom Paulo Evaristo Arns, um gigante na luta contra a ditadura. Tive a oportunidade de homenageá-lo dando seu nome a uma Casa Abrigo para crianças vítimas de violência, em 1999. À época, eu dirigia a Secretária Municipal de Assistência Social. Imorredouros agradecimentos a quem tanto fez por nossa gente. Obrigada D. Paulo!”, escreveu Alda.

Dom Paulo morreu nesta quarta-feira, na capital paulista, aos 95 anos. Ele estava internado no Hospital Santa Catarina desde o último dia 28 com problemas pulmonares. Nesta semana, havia sofrido uma piora em sua função renal e estava na UTI. A morte ocorreu por volta das 11h45.

Frade franciscano, D. Paulo Evaristo Arns teve papel essencial na história brasileira das últimas décadas. Foi chamado de cardeal da liberdade, bispo dos oprimidos, cardeal dos trabalhadores, bispo dos presos, bom pastor, cardeal da cidadania, guardião dos direitos humanos e tantos outros. No final da vida, porém, quando lhe perguntaram como gostaria de ser lembrado, deu uma resposta singela: “amigo do povo”.

Ele se destacou especialmente durante o período do regime militar, quando se colocou decididamente ao lado dos que combatiam a ditadura. Nesta condição, incursionou pelas periferias e enfrentou os generais para dar proteção a perseguidos políticos —de religiosos a operários, de advogados a jornalistas. Quando o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado, em 1975, comandou na Catedral da Sé um culto ecumênico que reuniu milhares de pessoas e se transformou num dos atos públicos mais significativos da luta contra o regime militar.

Quando os militares chegaram ao poder, em 1964, D. Paulo vivia em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde dava assistência religiosa aos moradores dos morros. Lá chegara depois de uma trajetória iniciada no dia 14 de setembro de 1921, quando nasceu na colônia de Forquilhinha, região de Criciúma, em Santa Catarina. Teve 13 irmãos, quatro dos quais (três freiras e um padre) se dedicaram também à carreira religiosa —sendo Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança que morreu no terremoto do Haiti em 2010, a mais conhecida.