Redação Scriptum
Além de implantar uma grande estrutura para o atendimento dos usuários de drogas que se concentram na Cracolândia, em São Paulo, o Governo do Estado está também desenvolvendo ações contra traficantes que atuam na área e outros criminosos, que usam a região como esconderijo. A informação é do vice-governador paulista, Felício Ramuth (PSD), que participou esta semana da reunião semanal dos consultores do Espaço Democrático – fundação do partido para estudos e formação política – para falar sobre a política estadual de drogas e as ações que estão sendo implementadas – em conjunto com a Prefeitura de São Paulo – para recuperar a região da capital onde há décadas convive uma multidão de dependentes químicos, provocando problemas de segurança, sanitários e de ocupação do espaço público.
Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos, uma das maiores cidades do Estado, e coordenador da Política Estadual sobre Drogas, destacou os resultados já obtidos pela gestão do governador Tarcísio de Freitas, que assumiu o governo em janeiro deste ano. Segundo ele, em quatro meses, desde que o projeto começou a ser implantado, já foram realizados 8.000 atendimentos a 6.500 usuários de drogas, com mais de 3.500 internações.
O vice-governador explica que os resultados alcançados decorrem do trabalho integrado entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo na assistência aos dependentes químicos. “Há também as operações policiais, mas elas visam os traficantes e criminosos que se escondem na Cracolândia”, lembra.
Nesse aspecto, explicou, está sendo iniciada a identificação e qualificação de usuários e traficantes que frequentam o local para que se conheça a situação legal de cada um. “Já temos mais de 900 qualificados e o objetivo é saber se cometeram crimes, se estão em liberdade condicional ou regime semi-aberto, casos em que não poderiam legalmente frequentar o local. Essa identificação está sendo levada à Justiça para que sejam tomadas providências, seja a volta ao regime fechado ou uso de tornozeleira, que os impediria de frequentar o local”, adiantou Ramuth.
Ele disse que algumas experiências desse tipo de procedimento já foram realizadas. “Nos próximos 15 dias, vamos assinar convênio para capacitar os juízes para essas ações”, disse.
Estrutura
Em sua palestra aos consultores do Espaço Democrático, Felício Ramuth contou que, ao assumir o governo, a atual gestão encontrou uma situação que persiste há 30 anos, período em que as administrações iniciaram projetos de enfrentamento que não tiveram continuidade nem deixaram informações que pudessem ajudar na busca de soluções.
“Nós começamos a mudar isso com a regularização da Política Estadual sobre Drogas e com o desenvolvimento de equipamentos públicos para atender os usuários, contratando quase 400 profissionais especializados, criando vagas para atendimento e um sistema de monitoramento que está aberto a qualquer cidadão, que de seu computador pode acessar dados sobre as ações realizadas”, disse o vice-governador.
Segundo ele, o próximo passo é a instalação de câmeras inteligentes que permitirão o acompanhamento em tempo real do que acontece na área. “A Cracolândia é hoje um local para se esconder da polícia ou usar drogas. As câmeras vão ajudar a mudar essa situação e vão expor traficantes e pessoas que se escondem lá”, explica.
Centro
Felício Ramuth também comentou, em sua palestra, a importância do projeto de ressignificação do Centro de São Paulo, que vem sendo desenvolvido pelo secretário estadual de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif Domingos, um dos fundadores do PSD. Para o vice-governador, a transferência de 20 mil funcionários públicos para a área, entre as outras medidas previstas pela atual gestão, será essencial para a recuperação da região dos Campos Elíseos.
A proposta de mudança da sede administrativa do Governo de São Paulo para o centro da capital vem avançando com novos estudos e análises técnicas. A proposta do Estado é levar os serviços estaduais para a região dos Campos Elíseos.
Na terça-feira (29), o governador Tarcísio de Freitas reforçou o objetivo de transformar o centro paulistano em um grande complexo da gestão paulista e também defendeu a união de esforços do poder público, setor privado e sociedade civil para ampliar o acesso a moradias, empregos e segurança em toda a região.
“Fixar as pessoas no centro tem muito a ver com a iniciativa de levar a administração do Estado para o centro. Hoje nós temos o poder no centro, mas espalhado em 56 edifícios diferentes, isso traz falta de eficiência e sinergia. A ideia é concentrar nossas unidades e secretarias na região dos Campos Elíseos. Já começamos a desenvolver aquilo que vai ser o projeto que vai promover a circulação e devolver o centro para as pessoas”, afirmou o governador na abertura do ciclo de debates “Diálogos do Centro”.
Tarcísio participou do evento ao lado do secretário Guilherme Afif Domingos e do prefeito da capital, Ricardo Nunes. A proposta é reunir todas as secretarias e órgãos administrativos estaduais em um único complexo com área de cerca de cerca de 300 mil metros quadrados – atualmente, os serviços da gestão paulista se espalham por imóveis que somam um espaço quase três vezes maior que o considerado necessário.
Reunião
Participaram da reunião semanal do Espaço Democrático e assistiram à palestra do vice-governador Felício Ramuth o cientista político Rogério Schmitt, o sociólogo Tulio Kahn, os economistas Luiz Alberto Machado e Roberto Macedo, o superintendente da fundação Espaço Democrático, João Francisco Aprá, o gestor público Januario Montone, o médico e sociólogo Antônio Roberto Batista, a secretária nacional do PSD Mulher, conselheira e secretária do Conselho Curador do Espaço Democrático, Ivani Boscolo, o advogado e empresário Hélio Michelini, o coordenador de Relações Institucionais do Espaço Democrático, Vilmar Rocha, e os jornalistas Marcos Garcia e Sérgio Rondino, coordenador de comunicação da fundação do PSD.