O caso da Unimed Paulistana merece evidência pelo porte da empresa e também pelos efeitos negativos sobre a rede pública de saúde, diz, em artigo, o ex-deputado estadual do PSD-SP.

Junji Abe, ex-prefeito de Mogi das Cruzes (SP) e ex-deputado federal pelo PSD-SP

Mais do que o maior fracasso do mercado de saúde complementar na história do Brasil, a quebra da Unimed Paulistana redobrou as preocupações com os rumos da economia nacional. Foi outro sinal vermelho. Pode ser, primordialmente, efeito de má gestão da companhia. Mas, fica impossível não pensar: se uma organização que fatura R$ 2,7 bilhões por ano quebrou, o que será das demais, menores e não tão lucrativas?

Não é só. Ainda que a legislação mande entregar, em 30 dias, a carteira de 744 mil clientes (mais de 30 mil só no Alto Tietê) para outro operador, os transtornos para segurados da Unimed Paulistana são latentes. Já sofriam com descredenciamentos em série de estabelecimentos e profissionais de saúde. Não há perspectiva de melhora nos próximos meses. Escrevo sobre o tema em função dos incontáveis pedidos de informações que tenho recebido.

A troca obrigatória do controlador foi determinada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), por causa de “anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves”. Na teoria, até que esses contratos sejam vendidos para outra operadora, a Unimed Paulistana é obrigada a garantir o atendimento.

Se o consumidor se sentir prejudicado, terá de entrar com pedido de liminar na Justiça. E, claro, deve registrar uma reclamação nos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, e na ANS. Como a doença não avisa que vem e nem admite espera, muitos dos clientes da Unimed Paulistana acabarão disputando assistência na tão sobrecarregada e precária rede pública de saúde.

O caso da Unimed Paulistana merece evidência pelo porte da empresa e pelos efeitos negativos despejados não só sobre seus clientes, mas também sobre as já enormes demandas na rede pública de saúde. Para completar o quadro de apreensão, a inflação, o desemprego e o rombo nas contas públicas seguem em ritmo ascendente, enquanto nosso PIB encolhe, assim como os investimentos em setores essenciais. Não por menos, seis em cada dez famílias estão endividadas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal e prestação de carro e seguro. Oremos!