Vice-prefeito de Mogi das Cruzes, Juliano Abe, escreve sobre a Ilha Marabá, no Tietê, descoberta durante a retificação do leito do rio

 

 

Juliano Abe, advogado pós-graduado em Direito Ambiental e vice-prefeito de Mogi das Cruzes (SP) pelo PSD

 

Nem todos sabem, mas Mogi das Cruzes abriga uma ilha. Aliás, é a única existente no rio Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo. É a Ilha Marabá, uma espécie de santuário ecológico bem no coração da cidade. Dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Tietê, o maior rio paulista, representa um espaço diferenciado, com 13.410 m² de área, o equivalente a pouco mais que um campo de futebol.

Dona de fauna e flora típicas da região ribeirinha do Tietê, a Ilha Marabá tem água mais limpa do que a verificada no trecho de 45 quilômetros do rio dentro da cidade. Tanto que há muitos peixes de diversas espécies. É uma dádiva acolher tamanho patrimônio ambiental no epicentro do adensamento urbano de um município com quase 500 mil habitantes.

A ilha foi descoberta no final dos anos 1990, quando o antigo leito do rio, totalmente assoreado, foi retificado. O espaço foi desapropriado pela Prefeitura e, em 2004, na gestão do meu pai (Junji Abe, que foi prefeito de 2001 a 2008), surgiu o Núcleo Ambiental da Ilha Marabá, com o propósito de conscientizar para a preservação ambiental, dando à comunidade a oportunidade de conhecer as riquezas naturais e, assim, ajudar a protegê-las.

O espaço da Ilha Marabá foi ancorado na premissa de que as pessoas precisam conhecer para preservar a biodiversidade. Dispõe de passarela suspensa para observação e de uma trilha ecológica onde o visitante fica em contato com a fauna e a flora. Também há auditório com capacidade para 20 pessoas, laboratório para aulas práticas, orquidário, minhocário, horta e quiosque para atividades externas.

Em agosto, quando assumi interinamente o comando da Prefeitura, fui procurado por um grupo liderado pelo ambientalista José Arraes. Ele, o secretário da Rede Nossa Mogi, Jair Pedrosa, e meu pai estavam preocupados com o risco de descaracterização do núcleo ambiental. Havia rumores de que a Prefeitura cogitava transferir para a Ilha Marabá a nova sede da Polícia Ambiental. Expliquei que isso não acontecerá e que nosso patrimônio ecológico será preservado, com todo apreço, para as ações de educação ambiental que inspiraram sua criação.

O terreno onde hoje funciona o Centro Esportivo e Recreativo do Socorro deve abrigar as futuras instalações do Sesc e, com isso, será necessário encontrar locais para entidades que lá estão instaladas, como a Polícia Ambiental. Contudo, a corporação não irá para a Ilha Marabá. Há um estudo para que ocupe uma área no Parque Leon Feffer, mas ainda nada há definido.

Em relação a Marabá, a Prefeitura se esforça para concluir os reparos na ponte de madeira que atravessa o canal da ilha. Assim será possível retomar os passeios monitorados. A ideia é tanto que o cidadão possa agendar para conhecer o núcleo espontaneamente como também ser estimulado a visitar o espaço, por meio de programação de escolas, empresas, clubes e outros centros sociais. Garanto uma coisa: vale demais!