Se a situação econômica não melhorar, futuro dos jovens pode estar comprometido, avalia, em artigo, o ex-deputado federal pelo PSD-SP.

Junji Abe, ex-prefeito de Mogi das Cruzes e ex-deputado federal pelo PSD-SP

 

A economia nacional parece sem chances de reverter o mergulho na mais profunda recessão em 25 anos. Já são 9 milhões de desempregados. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego cresceu para 8,5% na média do ano passado. É a maior já medida pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), iniciada em 2012.

Se o quadro atual já é desesperador, o futuro dos jovens de hoje se desenha ainda mais ameaçado. Se a coisa não melhorar, eles correm o risco de ser uma geração perdida em poucos anos.  A taxa de desocupação entre quem tem de 18 a 24 anos ficou em 16,8% em 2015 e foi a que mais cresceu entre os grupos etários.

No ano passado, esse grupo enfrentou o salto de 4,7 pontos percentuais no índice de desemprego em relação a 2014, enquanto a média geral da população amargou o avanço de dois pontos.  Os dados do IBGE de janeiro de 2016 sinalizam aumento ainda maior, de seis pontos, em comparação com janeiro de 2015.

Para entender melhor o problema, vale a explicação dada pela especialista do Insper, Regina Madalozzo: “Imagine alguém que se formou no ensino médio em 2015 e não encontra emprego até o fim deste ano. No início de 2017, ele vai competir com quem terá acabado de se formar em 2016. Agora, imagine se a crise levar mais um ano. Haverá o dobro de pessoas para concorrer”.

A escalada inflacionária de 20 anos desequilibrou as estruturas sociais, econômicas e financeiras do País, ocasionando índices de 30% a 35% de desemprego. As consequências dolorosas daquele período, em Mogi, iniciaram acentuada reversão em 2001 quando, na minha primeira gestão como prefeito, transformamos em Lei Municipal o Programa de Desenvolvimento Empresarial, com incentivos à expansão de negócios, que gerou milhares de empregos.

O panorama sombrio para a juventude extrapola a frustração por não conquistar uma vaga, a incapacidade de ajudar no orçamento doméstico, as sequelas econômicas por desperdício de talento e o risco de adoecer. Significa mais violência, na esteira do crime organizado e tráfico de drogas. Estudos da Fundação Getúlio Vargas confirmam que o desemprego entre jovens pode fazer com que eles ingressem no crime e transformem a atividade em conduta permanente. Resta-nos torcer por dias melhores também para evitar uma geração perdida. Oremos!