Deputado estadual paulista discute, em artigo, a enquete que provocou grande polêmica das redes sociais nos últimos dias. "É muito importante que a polícia seja valorizada", disse.

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Coronel Álvaro Camilo, ex-comandante geral da Polícia Militar de SP e deputado estadual

 

Uma grande polêmica virou o principal assunto nas redes sociais nos últimos dias, depois que um programa matutino de televisão organizou uma enquete com a seguinte pergunta: “Quem você salvaria primeiro: um policial levemente ferido ou o traficante em estado grave?” Como bombeiro que sou, obviamente sei que a prioridade é atender a pessoa com quadro mais grave. Mas por que exatamente escolher esta comparação?

Que me desculpe a Rede Globo, mas a enquete foi de excessivo mau gosto. Como comparar um policial de bem com um criminoso? Para mim, a pesquisa induz a erro e é muito agressiva com os policiais de todo Brasil, que deixam os lares e as famílias e até morrem por pessoas que sequer conhecem. Isso também tenta, de alguma forma, colocar a população contra a polícia. É desnecessário desqualificar um trabalho sério e que tem como objetivo sempre salvar e proteger o cidadão.

São os nossos policiais militares, homens e mulheres trabalhando em todo o nosso país, que estão na linha de frente contra os criminosos. Mesmo assim, as críticas sempre surgem, muitas vezes, precipitadamente. Por outro lado, a pesquisa tão falada colocou em evidência a vida do policial e do traficante, gerou comoção nas redes. Dezenas de famílias de policiais e outros tantos moradores do Estado, mesmo civis, passaram a posar para fotos segurando placas de apoio às tropas. As imagens ‘viralizaram’ na internet.

É muito importante que a polícia seja valorizada e que as tentativas de desqualificá-la sejam extintas. Falta respeito! Infelizmente, poucos dias após essa pesquisa lamentável, tivemos quatro jovens PMs mortos no Rio de Janeiro. Eles estavam a bordo de um helicóptero. Policiais que não tinham nem 40 anos idade.

Em São Paulo, morreu o sargento Anselmo Sousa Cedraz, do efetivo da Força Tática do 15º Batalhão de Polícia. Ele sofreu ferimentos gravíssimos durante uma intervenção policial em 6 de outubro deste ano. Naquele dia, o PM lutou com um infrator da lei e caiu de uma laje. Ele só tinha 35 anos e era casado.

Desde janeiro, 54 policiais foram mortos, 11 deles em serviço. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado recentemente, em seis anos (2009 a 2015), foram 733 policiais mortos em serviço no país. Claro que excessos cometidos por policiais devem ser investigados e punidos exemplarmente, caso constatado o erro. Todos sabem que a Corregedoria da Polícia Militar é a primeira a punir o mau policial. É preciso unir forças para combater o crime com firmeza para o bem de todos – civis e policiais. E eu escolho o policial.