Dárcy Vera é Prefeita de Ribeirão Preto pelo PSD.
Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados do Censo para os municípios Brasileiros. O IBGE havia errado em 2010 e errou de novo, nesse último levantamento.
A estimativa da população de Ribeirão Preto, hoje, é de 649.556. Em 2010, também segundo o IBGE, eram 604.282 pessoas em nossa cidade. Ou seja, em apenas dois anos, o número aumentou 7% e isso representa 45.274 habitantes a mais no município. Se fôssemos dividir esse total pelo número de dias dos dois anos, isso significaria que Ribeirão Preto ganhou 62 habitantes a cada dia. É um número exagerado para esse período.
Esses dados mostram que, em 2010, o Censo de fato se equivocou ao afirmar que tínhamos apenas 604 mil habitantes. Eu contestei a pesquisa inúmeras vezes assim que foi divulgada. Contestei diretamente com o IBGE, contestei com os técnicos.
Nossa cidade recebe muitos estudantes a cada ano. Temos uma população flutuante, que visivelmente foi deixada de lado na contagem feita há três anos. Me parece que essa população que não foi contada anteriormente apareceu agora, na nova estimativa. Segundo esses últimos dados, nosso crescimento foi maior que o do Estado de São Paulo, que foi de 5% no mesmo período. Já afirmei e volto a afirmar: nossa cidade está próxima dos 700 mil habitantes e o Censo errou de novo.
Debater esses números, discutir os dados e contestar o levantamento não é uma questão de estar certa ou errada. O assunto é maior do que parece. Não é um mero número. É um indicador importante para todos os municípios, não apenas para Ribeirão Preto.
A alteração na quantidade de habitantes afeta o repasse de recursos para a cidade: se a contagem da população é inferior ao número real, recebemos menos verba do que deveríamos receber para atender todas as necessidades dos moradores. E essa diferença na contagem já nos causou muitos prejuízos.
Diversos convênios, como o do Sistema Único de Saúde (SUS), e vários repasses, como o do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) levam em consideração o número de habitantes para definir a verba que será transferida. O Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que determina a transferência de recursos arrecadados pelos cofres da União aos Estados e às cidades, também é baseado no número de habitantes.
Portanto, Ribeirão Preto perde por não ter sua população contada corretamente. Menos repasse significa menos investimento na cidade e menos obras. E quem perde é nossa população. É a população que precisa de estrutura e de trabalhos que reforcem a infraestrutura municipal. É para a população que as transferências de recursos precisam ser feitas. Um erro de cálculo e levantamento, como esse do IBGE, pode afetar toda uma cidade.
É por isso que insisto tanto em uma contagem detalhada do Censo. O município não pode ser prejudicado pela imprecisão de dados de uma pesquisa.
Em nota, o IBGE esclareceu aqui ao jornal A Cidade que os dados mudaram, pois houve “refinamento na metodologia da pesquisa”. Ou seja, se houve esse refinamento, os dados estão mais precisos. E isso significa que estamos mais próximos do número real.
Não canso de insistir: os dados do Censo estão errados e isso prejudica Ribeirão Preto. Nosso município tem se desenvolvido a cada dia e não podemos ser prejudicados por um erro de cálculo.