Junji Abe, ex-prefeito de Mogi das Cruzes e ex-deputado federal pelo PSD-SP
Cansei de ouvir que adolescentes e jovens da atualidade costumam ser alienados e pouco se importam com os rumos da sua cidade, Estado e País. Estou feliz em afirmar que não é verdade. Dois fatos recentes provam que, se desafiada, a juventude responde com intensidade e competência.
Um dos acontecimentos é o Plano Diretor Municipal da Juventude de Mogi das Cruzes. Respondendo ao chamado do Conselho Municipal da Juventude, 55 mil jovens participaram das audiências promovidas em 60 escolas estaduais de Ensino Médio. Das propostas, 300 foram acolhidas no documento a ser submetido à aprovação da Câmara Municipal.
Além de apontar demandas, os jovens cobraram ferramentas para ampliar sua participação nas decisões do poder público. Isso ocorre num momento de extrema fragilidade da classe política, inundada pela falta de credibilidade. Ponto para os jovens, que responderam “presente”. Ponto para o prefeito Marco Bertaiolli, que incentivou a participação e acolheu as manifestações. Ponto para a sociedade, que só tem a evoluir com a efetiva inserção da juventude na definição e condução das políticas públicas.
O outro acontecimento movimentou jovens do Estado inteiro. Tudo começou com a reorganização escolar que deveria ser nobre, mas virou um fiasco por causa de como foi conduzida. O foco do governo paulista era aumentar o número de escolas, divididas por ciclos e por idades. Assim, aprende-se melhor, especializa-se mais, fiscaliza-se melhor, evitam-se conflitos, agressões e bullying.
Ocorre que o então secretário estadual mandou bala na ideia, sem discutir com alunos, professores e pais. Pior, colocou no pacote o fechamento de escolas. Talvez, não esperasse tamanha mobilização dos jovens. Eles ocuparam centenas de unidades escolares e enfrentaram, de peito aberto e cabeça erguida, a polícia mais poderosa do País.
A bravura e determinação dos jovens paulistas fez o governo desistir da reorganização. E inspirou as pessoas. Tanto que em Mogi das Cruzes foi constituída uma associação para combater eventuais novas tentativas de fechar estabelecimentos. O movimento “Nossas Escolas, Nossos Direitos” é a cereja do bolo da mobilização popular em torno do assunto. Àqueles de pouca fé, fica a lição de que, às vezes, coisas ruins despertam coisas muito boas. É o caso da juventude antenada.