Para cada cem médicos que saíram do quadro da rede municipal de saúde, só quatro foram contratados pela Prefeitura. "Dá até vergonha", diz editorial do jornal paulistano.

Agora S.Paulo – Editorial

Se a saúde pública de São Paulo fosse um paciente, seu estado seria crítico.

Postos de saúde administrados diretamente pela prefeitura perderam 500 médicos de janeiro de 2012 a setembro de 2013, segundo levantamento da secretaria dessa área.

Nesse período, 520 profissionais deixaram seus cargos, seja porque se aposentaram, seja porque encontraram salários melhores na iniciativa privada.

Pela lógica, o natural seria a prefeitura contratar o mesmo número de médicos, para não piorar o padrão já ruim de atendimento.

Mas não foi assim. Apenas 20 vagas foram repostas. É isso mesmo. Para cada cem médicos que saíram, só quatro entraram no sistema municipal. Dá até vergonha.

Em hospitais públicos administrados pela iniciativa privada (as chamadas organizações sociais de saúde), o quadro é bem melhor. Saíram 5.337 médicos, entraram 5.448 profissionais, o que deixa o saldo positivo.

Há boas razões para entender essa diferença. Enquanto a prefeitura tem piso salarial de R$ 4.305 para 20 horas semanais de trabalho, as organizações sociais pagam mínimo de R$ 8.686. É quase o dobro pelo mesmo serviço. Que profissional não gostaria disso?

A Secretaria da Saúde diz que houve diferença de ritmo entre o número de aposentadorias e as vagas abertas por concurso público nos hospitais que administra. Afirma também que já abriu um concurso para contratar 2.200 profissionais.

Com baixos salários, é difícil imaginar que tantos médicos se interessem pelas vagas. No fim, quem mais perde é a saúde da população.