Em 2010, a gestão Kassab apresentou a Operação Urbana Lapa-Brás, que permitiria a demolição do Minhocão, com o deslocamento do tráfego para nova avenida, a ser construída onde correm os trilhos da CPTM.
Elevado Costa e Silva. o Minhocão, que recebe em média 6 mil veículos em cada sentido

Elevado Costa e Silva. o Minhocão, que recebe em média 6 mil veículos em cada sentido

 

 

A desativação do Elevado Costa e Silva e a posterior criação do Parque Minhocão foram aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta-feira (27). Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a proposta, assinada por oito vereadores e prevista para ser implementada no Plano Diretor aprovado em julho, segue agora para votação em plenário.

O fim do Minhocão deve entrar na pauta de votação do final do ano, em um pacote que inclui 11 propostas do Executivo e mais de 120 projetos de lei de vereadores. Os sete vereadores da CCJ votaram favoráveis ao projeto, hoje encabeçado dentro do Legislativo pelos vereadores Nabil Bonduki (PT), arquiteto, e Police Neto (PSD), cientista social.

O Elevado, que faz a ligação entre as regiões oeste e leste da cidade, tem fluxo médio de 6 mil carros em cada sentido – movimento igual ao da Avenida 23 de Maio, por exemplo.

PROPOSTAS

Em maio de 2010, Gilberto Kassab, então prefeito, e Miguel Bucalem, à época secretário de Desenvolvimento Urbano, apresentaram detalhes da Operação Urbana Lapa-Brás, que permitiria a demolição do Minhocão, com o deslocamento do tráfego para uma nova avenida, a ser construída onde hoje correm os trilhos da CPTM.

A Operação Urbana projetava o rebaixamento da linha férrea, transformando-a num sistema subterrâneo desde a Lapa até o Brás – numa extensão aproximada de 12 km. Na superfície, a proposta prevê uma via de porte estrutural, mas com características urbanísticas diferenciadas – de uso lindeiro intenso, com parques e ciclovias. Com isso, seriam proporcionadas melhorias na acessibilidade, ao permitir que os eixos transversais de ambos os lados, hoje interrompidos pela presença dos trilhos, possam se conectar.

Para o vereador Police Neto, o momento agora, com o projeto no plenário da Câmara, é chamar a sociedade e os governos federal e do Estado para a discussão.

“Temos a Linha 6 laranja do Metrô, já em construção e que vai cruzar a Marginal Tietê e passar pela Barra Funda, por toda a região das universidades da zona oeste. Já é uma opção. Outra opção é o Expresso Norte, projeto pelo Estado para 2020, que vai passar pela região central, pelo Minhocão inteiro, pela Marginal e sobe a zona norte até Perus”, argumentou o vereador.

“Só temos agora de criar meios, como uma zona de impacto do Minhocão, para impedir a especulação imobiliária na região. Quem viveu 40 anos com o Minhocão não pode ser penalizado agora com aluguéis mais caros na hora que tudo vai ficar bom”, acrescentou Police Neto.

O Minhocão foi idealizado pelo arquiteto Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirardi, do Departamento de Urbanismo da Prefeitura. Em sua proposta, apresentada em 1968 ao prefeito Faria Lima, a estrutura elevada seguiria até a Praça Marechal Deodoro. O então prefeito recusou o projeto, mas o remeteu à Câmara, reservando a área necessária para a execução da obra.

Com a posse de Paulo Maluf ao cargo, a ideia renasceu. Dessa vez, propôs-se a extensão do elevado até o Largo Padre Péricles, em Perdizes, na zona oeste.