A urbanista Elisabete França alertou sobre a urgência de se buscar soluções criativas para o que talvez seja o maior desafio da gestão pública hoje

A urbanista Elisabete França, o jornalista Sérgio Rondino e Alda Marco Antonio, coordenadora do PSD Mulher.

 

O deficit de habitações no Brasil vem crescendo, apesar de o ritmo de crescimento da população estar diminuindo. Além disso, a precariedade das moradias existentes é um problema tão ou mais grave a ser resolvido se o objetivo for oferecer mais qualidade de vida aos cidadãos brasileiros. Este alerta foi feito pela arquiteta e urbanista Elisabete França durante o Encontro Democrático promovido nesta quinta-feira (2) na sede do Espaço Democrático, em São Paulo.

Com transmissão ao vivo pela página do Espaço Democrático no Facebook (veja a íntegra aqui), o evento promovido pela fundação de estudos e formação política do PSD integra série de debates realizados para analisar questões relevantes de administração pública e produzir conteúdo para orientação de integrantes do partido.

 

 

Coordenado pelo jornalista Sérgio Rondino, o encontro desta quinta-feira teve também a participação da ex-vice-prefeita e secretária de Assistência Social da Prefeitura São Paulo Alda Marco Antonio, e a presença de lideranças do partido como o ex-ministro das Comunicações Andrea Matarazzo.

Em sua palestra, Bete França, que é professora da FAAP e da USP e esteve à frente das principais iniciativas públicas nas áreas de habitação e urbanismo adotadas em São Paulo nas últimas décadas, destacou a importância de os candidatos apresentarem, na campanha eleitoral que começa nas próximas semanas, propostas concretas e criativas para o problema habitacional brasileiro.

Segundo disse, a questão no Brasil não se resume à falta de imóveis residenciais, pois envolve também a grande precariedade das moradias existentes, com parcelas importantes da população de grandes capitais vivendo longe de serviços públicos básicos e em áreas de risco. “Os números que virão por aí, no próximo censo, são graves. Cerca de 25 milhões de famílias morando em assentamentos precários, oito milhões em áreas de risco e quase metade da população com problemas de acesso à coleta de lixo”, contou.

Para a urbanista, essa precariedade está relacionada com a elevação dos índices de violência urbana, o que torna ainda mais urgente a busca de soluções. “Oxalá isso seja incorporado às plataformas dos candidatos”, afirmou.

A gravidade dos problemas apontados por Bete França foi corroborada pela ex-vice-prefeita e secretária de Assistência Social Alda Marco Antônio, que citou suas experiências na prefeitura de São Paulo, durante a gestão do prefeito Gilberto Kassab, e destacou a grandiosidade do desafio representado por essa questão urbana. “Quanto mais se avança, mais demandas surgem”, disse.

Por sua vez, o ex-vereador e ex-ministro Andrea Matarazzo criticou a inaptidão dos gestores públicos para enfrentarem a questão e buscarem soluções, limitando-se a repetir procedimentos ineficazes que perpetuam os problemas. Ele relembrou uma das iniciativas adotadas durante a gestão Kassab na Prefeitura de São Paulo, o programa de urbanização de favelas coordenado por Bete França, que recebeu prêmios internacionais, como exemplo do que é possível ser feito quando há vontade política de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.