O prédio faz parte do programa Renova Centro, criado por Kassab na Prefeitura de São Paulo e que mapeou cerca de 50 edifícios e iniciou processos de desapropriação para sua conversão em moradia popular.
Palacete dos Artistas, antigo Hotel Cineasta, será abrigo para artistas

Palacete dos Artistas, antigo Hotel Cineasta, será abrigo para artistas

O jornal Folha de S.Paulo publicou neste domingo (28) reportagem sobre os primeiros moradores dos 50 apartamentos do Palacete dos Artistas, conjunto habitacional da Prefeitura de São Paulo para artistas idosos.

A obra começou em 2012, último ano da gestão Gilberto Kassab (PSD) na Prefeitura paulistana, e foi entregue em dezembro deste ano. O prédio faz parte do programa Renova Centro, criado por Kassab e que mapeou cerca de 50 edifícios e iniciou processos de desapropriação para sua conversão em moradia popular na região central.

O primeiro a se mudar, conforme a Folha, na semana passada, foi o ator e diretor de teatro Sebastião Apolônio, de 71 anos. “Agora, planejo viver até os 85”, ironiza, olhando pela janela.

Com mais de 200 peças no currículo –entre elas, o sucesso “Aí Vem o Dilúvio” (1980)–, Apolônio poderia dizer que sua casa, na verdade, é o teatro. “Mas ninguém vive em um teatro”, brinca.

“O público acha que artista ganha muito dinheiro. O que eu ganhei deu para sobreviver. Comprar uma casa, já seria demais”, diz Apolônio.

A “casa do artistas” de São Paulo demorou mais de dez anos para ficar pronta. A ideia foi da bailarina Ray Maria Moura, 57, que, em viagem à Europa, conheceu habitações para artistas idosos.

Para a inauguração, o cantor Raimundo José, 69, voz ainda intacta, levou um cartaz com uma foto sua da época em que fazia bastante sucesso, nos anos 1970.

Seu maior hit, “Santo Forte”, foi gravado em 1977. “Vendeu muito em 1978…”, conta, orgulhoso. No auge, ele dividiu o palco com os ícones Nelson Ned e Agnaldo Timóteo. Hoje, canta em casamentos.

Raimundo terá outro cantor como vizinho: Roberto Luna, 85, que tem mais de 60 LPs gravados. Luna atuou no clássico do cinema marginal “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla.

“Tem artista que consegue ganhar dinheiro, ficar rico, morar em mansões. Mas eu fui uma pessoa muito dedicada ao amor…”, diz, enigmático. Depois, gargalha.

As obras de revitalização do edifício começaram em 2012. O valor investido foi de cerca de R$ 8,2 milhões, além da desapropriação, de R$ 4,2 milhões, realizada em 2011.

Os novos moradores foram cadastrados em 2008 e inseridos no programa habitacional provisório da Prefeitura até a entrega das unidades.

As famílias fazem parte do Programa Locação Social, pelo qual pagam mensalmente de 10% a 12% da renda mensal familiar, que deve ser de até três salários mínimos.

Renova Centro

Entre os programas desenvolvidos durante a gestão Kassab na área da habitação, que beneficiaram 360 mil famílias, a administração criou solução para o centro da cidade com o projeto Renova Centro, que busca conciliar e equilibrar questões como habitação, emprego e completa infraestrutura.

Como a região é dotada de metrô, grande quantidade de linhas de ônibus, além de equipamentos como hospitais e outros de saúde, escolas, bibliotecas e opções de lazer, a expectativa era de redução de mais de 300 mil viagens diárias realizadas em direção ao centro, o que diminuiria o trânsito na área central da cidade.

O projeto foi lançado em 2010 pela Secretaria Municipal de Habitação, com previsão de desapropriar 50 prédios para a construção de 2,5 mil moradias populares. A partir de uma parceria entre a Prefeitura e a Faculdade de Arquitetura da USP (FAU-USP) foram definidos os critérios para selecionar os prédios.