O coronel Álvaro Camilo, ex-comandante-geral da PM e vereador pelo PSD em São Paulo, criticou Geraldo Alckmin por excluir o interior do Estado do pacote de beneficiados pelo reforço que o Estado dará à Operação Delegada.
Na época comandante da PM, o coronel Álvaro Camilo acompanha a Operação Delegada na 25 de Março, em São Paulo, ao lado do então prefeito Gilberto Kassab.

Na época comandante da PM, o coronel Álvaro Camilo acompanha a Operação Delegada na 25 de Março, em São Paulo, ao lado do então prefeito Gilberto Kassab.

O coronel Álvaro Batista Camilo, ex-comandante-geral da Polícia Militar e vereador pelo PSD em São Paulo, criticou a decisão anunciada nesta quarta-feira (2) pelo governador Geraldo Alckmin, de excluir o interior de São Paulo do pacote de beneficiados pelo reforço que o Estado dará à Operação Delegada. O Estado vai bancar o custo de 1.000 policiais para trabalharem em sistema de revezamento em seus dias de folga na Capital, na Região Metropolitana de São Paulo, na Baixada Santista e na região de Campinas.

Coronel Camilo é um especialista em segurança pública. Foi ele quem, em 2009, tirou do papel o projeto idealizado pelo então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, hoje presidente nacional do PSD. Pagos pela Prefeitura, policiais militares trabalhavam em seus dias de folga para dar segurança em áreas de comércio popular. A ideia foi tão bem sucedida que hoje 36 prefeituras paulistas adotam o modelo em convênio com a PM, sem recursos do Governo do Estado. Municípios como Mogi das Cruzes, Sorocaba, Andradina, São José do Rio Preto e Assis.

Vereador durante debate do Espaço Democrático sobre segurança pública.

Vereador durante debate do Espaço Democrático sobre segurança pública.

“A medida, da forma como foi anunciada pelo governador, é desigual”, diz Camilo. “Fica parecendo que as cidades do interior do Estado não tem problemas de segurança e não precisam de reforço no policiamento”, completa. Camilo defende que o Estado deveria investir recursos para estender a Operação Delegada em todo o Estado de São Paulo.

Ele questiona, também, a quantidade de postos criados pelo Governo do Estado, muito pequena – 1 mil policiais em sistema de revezamento – para atender os municípios anunciados. “Esse número de homens vai ficar tão diluído que os resultados tendem a não aparecer”, comentou ele. Na Capital paulista, no final de 2012, último ano da gestão de Gilberto Kassab, eram 4.300 postos abertos.

Da forma como foi criada em São Paulo e adotada por dezenas de prefeituras paulistas, a Operação Delegada é um convênio entre a Polícia Militar e a prefeitura com o objetivo de reforçar o policiamento. Para isso, o policial militar pode optar em trabalhar no seu dia de folga, fardado e com remuneração extra. Na versão original, os policiais são pagos com dinheiro do município, ao contrário do modelo estadual, adaptado por Geraldo Alckmin, onde é o Estado que banca as diárias extras dos policiais.

Desde o seu lançamento, em 2009, até o final de 2012, a Operação Delegada foi implementada em todas as 31 subprefeituras (divisões administrativas da cidade) de São Paulo. Ao longo deste período, foi registrada queda média de 70% da criminalidade em áreas que passaram a ter o policiamento especial. Em pontos específicos da região central da cidade os números foram grandiosos. Na rua 25 de Março, maior polo de comércio popular do País, por exemplo, houve queda de 59% no número de roubos.

Desde o início do ano passado o número de policiais na Operação Delegada de São Paulo foi reduzido para apenas 1.800. “O que infelizmente tem aumentado os índices de criminalidade em média em 50% na cidade de São Paulo, contribuindo para a sensação de insegurança”, diz Camilo.