Últimos dados divulgados pela Prefeitura mostram o número de casos de dengue deste ano já superaram todos os registrados no ano passado; cidade já registrou 3 mil pessoas infectadas de janeiro até agora, contra 2.617 casos ocorridos em 2013.
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Durante a gestão de Kassab, trabalho preventivo ganhou mais eficiência e os resultados ficaram muito próximos das metas traçadas pela COVISA

Depois de pelo menos três quedas anuais consecutivas na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, a cidade de São Paulo enfrenta um novo surto de dengue. Com maior investimento em saúde – porcentual da receita corrente passou de 15% para cerca de 20% – e a descentralização das ações preventivas, a gestão Kassab não apenas afastou o risco de epidemia, considerando-se os índices do Ministério da Saúde, como reduziu gradativamente o número de casos nos últimos três anos de gestão: de 5.866, em 2010, para 4.161 em 2011 e 1.150 em 2012.

Para se ter ideia, se compararmos o ano todo de 2012 com 2011, observaremos uma queda de 72%. “Com a ampliação do investimento na Saúde e apoio integral às novas estratégias preventivas, conseguimos afastar o risco de epidemia e entregamos o comando da cidade com números muito positivos”, afirmou Kassab.

Tendência

A tendência de crescimento do número de casos ficou evidente no início do segundo trimestre de 2013. Nesse período, a cidade já contabilizava 1.523 casos ante 441 registrados em igual período no ano anterior. E, comparando-se o ano inteiro de 2013 com 2012, houve um crescimento de 127,5% no número de casos.

Neste ano, somente na Zona Oeste da cidade foram confirmados, até 1º de abril, mais de 1,1 mil casos de dengue. De acordo com o balanço divulgado pela Prefeitura de São Paulo, em 17 de abril, no bairro Jaguaré, por exemplo, há uma epidemia com 386 casos por 100 mil habitantes – o Ministério da Saúde (MS) estabelece três níveis de incidência de dengue para classificar a doença em relação à população: baixa incidência, quando há até 100 casos por 100 mil habitantes; média incidência, de 100 a 300 casos por 100 mil habitantes, e alta incidência, a partir de 300 casos por 100 mil habitantes.

Durante todo o ano de 2011, a cidade de São Paulo teve incidência de 36,9 casos de dengue por 100 mil habitantes, ou seja, menos da metade do que é classificado como baixa incidência pelo Ministério da Saúde. Ainda segundo o balanço da Prefeitura, a capital paulista registrou um aumento de 66% de casos de dengue nas 15 primeiras semanas de 2014 em comparação com o mesmo período de 2013.

Os últimos dados divulgados pela Prefeitura mostram o número de casos de dengue deste ano já superaram todos os registrados no ano passado. A cidade já registrou 3 mil pessoas infectadas de janeiro até agora, contra 2.617 casos ocorridos em 2013.

Prevenção

Já em 2011, a cidade ficou entre as dez capitais com situação satisfatória em relação à dengue, de acordo com o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado à época pelo Ministério da Saúde. Pela classificação, os municípios que apresentaram índice menor que 1% tinham menos risco de ocorrência de epidemia da doença no ano seguinte (2012). Na capital paulista, o índice foi de 0,07%.

A intensificação do trabalho preventivo realizado na gestão Kassab gerou bons resultados e refletiu no ano seguinte: em janeiro de 2012, a cidade registrou apenas seis casos de dengue. O número foi 88,7% menor do que o registrado no mesmo período de 2011, quando foram confirmados 53 casos autóctones (contraídos na capital).

O cenário da dengue na gestão Kassab corrobora a tese de especialistas de que os casos da doença registrados num determinado ano são o resultado da prevenção do ano anterior. Em entrevista publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em 18 de abril, por exemplo, o infectologista Artur Timermam afirma: “Uma epidemia de dengue não se combate em sua vigência, ela é prevenida”.

Descentralização

A descentralização dos agentes de zoonoses, estratégia implementada pela Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA) a partir de 2009, foi fundamental para o controle e a redução dos casos de dengue em São Paulo, durante a gestão Kassab.

Distribuídos pela cidade, os agentes formavam grupos nas áreas mapeadas pela COVISA em conjunto com as Supervisões de Vigilância em Saúde (SUVIS). Cada agente desenvolvia o seu trabalho num determinado raio de abrangência, tendo como ponto de apoio, entre outros, unidades de saúde e escolas, o que facilitava o seu deslocamento nas regiões localizadas no entorno de sua “base de trabalho”.

Antes dessa mudança, os agentes ficavam lotados em 25 SUVIS e, após a descentralização, passaram a desenvolver suas atividades de maneira mais abrangente e focada nas regiões mais vulneráveis.

Com essa medida, o trabalho preventivo ganhou mais eficiência e os resultados ficaram muito próximos das metas traçadas pela COVISA. Além disso, a estratégia favoreceu a formação de vínculos entre os agentes e os cidadãos.

Esse trabalho desenvolvido pelo Município contava com 2,7 mil agentes de zoonoses e 6 mil agentes comunitários de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF), que trabalhavam ininterruptamente durante o ano inteiro. Responsável pela mesma região, o profissional passava a conhecer os moradores e ser reconhecido por eles.

A confiança da população no trabalho dos técnicos municipais facilitou o acesso às residências e, também, o engajamento das pessoas que passaram a seguir as orientações fornecidas para evitar o surgimento de focos. Havia um grande estímulo ao que é mais importante no controle da dengue: a adesão da população na prevenção diária e ininterrupta da doença, afinal estudos técnicos comprovam que 90% dos criadouros se encontram nas residências.

Outras iniciativas

Além de descentralizar a ação dos agentes, a COVISA desenvolvia várias ações de orientação e esclarecimento para a população. Palestras em escolas da rede pública municipal, peças de teatro, capacitação de profissionais educadores, potenciais multiplicadores de informações de prevenção, e farta distribuição de materiais informativos.

Propagandas em emissoras de rádio, TV e mídia impressa eram feitas sistematicamente antes das épocas mais propícias para a formação dos criadouros. Gravações telefônicas com informações sobre a doença, disparadas para milhões de residências, também eram utilizadas como forma de informar e estimular os paulistanos a evitar a proliferação do transmissor da dengue.

Veja a evolução dos números da dengue na capital, de 2010 a 2014:

Ano Até 17 de abril Total do ano
2010 3.046 5.866
2011 1.788 4.161 (queda de 29%)
2012 441 1.150 (queda de 72%)
2013 1.523 2.617 (aumento de 127,5%)
2014 2.538

Fontes: Destak Jornal de 22/4/2014 e Secretaria Municipal da Saúde