Jornal Bom Dia SP mostrou críticas de usuários à autorização para uso compartilhado, por pedestres e ciclistas, do canteiro central da Av. Sumaré; de janeiro a julho de 2014, apenas 7,2 kms de novas ciclovias foram implementados na cidade.
Nova ciclovia na Av. Sumaré: confusão por conta do espaço compartilhado com pedestres.

Nova ciclovia na Av. Sumaré: confusão por conta do espaço compartilhado com pedestres.

Além de avançar de forma bastante lenta, o processo de expansão da malha cicloviária de São Paulo tem gerado muita polêmica. Nesta terça-feira (5), o jornal Bom Dia SP, da TV Globo, por exemplo, mostrou críticas de usuários à autorização para uso compartilhado, por pedestres e ciclistas, do canteiro central da avenida Sumaré (veja aqui). Outra reportagem mostra paulistanos insatisfeitos com a perda de espaço para as ciclovias (aqui). Em artigo, o jornalista Alan Gripp diz que as intervenções de Haddad mais visíveis na área do transporte público “são aquelas à base de tinta” (leia aqui).

Apesar das críticas às falhas na implantação, vem crescendo na cidade a consciência de que é preciso investir em vias para ciclistas, o que ajuda a desafogar o trânsito e a reduzir a poluição. Porém, na atual administração paulistana, a malha cicloviária tem aumentado de forma tímida. Até o início de julho deste ano, apenas 7,2 quilômetros de novas ciclovias foram implementados.

Durante a gestão de Gilberto Kassab à frente da Prefeitura, entre 2006 e 2012, a cidade de São Paulo recebeu grandes estímulos para o uso da bicicleta. Foram criados mais de 200 km de faixas para bicicletas, entre ciclovias, ciclorrotas, além da ciclofaixa de lazer, que opera aos domingos e feriados nacionais e obteve resultados tão positivos que tornou-se modelo para outras cidades do país, como Brasília, Rio de Janeiro e Recife.

Em uma metrópole cuja vocação para o uso do automóvel em detrimento da utilização do transporte coletivo é citada como uma de suas principais características, é estimulante conhecer números do sistema cicloviário da cidade. Estudos realizados com frequentadores das ciclofaixas de lazer mostraram que, em seu cotidiano, quando voltaram a se locomover de automóvel, eles passaram a respeitar muito mais os ciclistas. A ciclofaixa é um processo educativo e de estímulo ao compartilhamento do espaço viário.

Ciclofaixa implantada pela gestão Kassab na av. Paulista.

Ciclofaixa implantada pela gestão Kassab na av. Paulista.

Hoje, é visível a presença de várias gerações da mesma família na ciclofaixa de lazer: avós, pais, netos. Há relatos de parentes que voltaram a conviver a partir de encontros na ciclofaixa. E são essas pessoas que durante a semana retomam seus papéis como motoristas e passageiros de automóveis. Porém, retomam com outra visão – a de quem exerceu a experiência de andar sobre duas rodas.

A ciclofaixa de lazer tem se mostrado ainda um excelente meio de os moradores de São Paulo conhecerem a própria cidade, pois seus trajetos já abrangem as zonas Sul, Norte, Leste e Oeste da capital. Muitos ciclistas puderam descobrir e redescobrir os pontos tradicionais e turísticos do centro da cidade pela ciclofaixa de lazer. Isso sem falar que a ciclofaixa acaba criando um rastro positivo por onde passa: movimenta o comércio ao lotar bares, restaurantes e os pontos culturais, ao levar um novo público a museus e locais históricos.

Outra preocupação da gestão Kassab foi com a segurança dos ciclistas. Com esse foco, a Prefeitura criou em 2012 o Programa de Segurança ao Ciclista, que previa várias medidas de engenharia, fiscalização e de educação de trânsito. Um exemplo disso foi a criação de cursos na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para orientar e conscientizar os ciclistas sobre como se comportar no trânsito, por meio de aulas teóricas e práticas.

As empresas gerenciadas pela SPTrans (São Paulo Transporte) também passaram a oferecer treinamento específico para motoristas de ônibus sobre o convívio seguro com ciclistas no trânsito.

Outra medida criada em 2012 foi o Bike Sampa, programa de compartilhamento de bicicletas disponibilizadas em estações espalhadas pela capital paulista.  O programa previa a instalação de 300 estações com 10 bicicletas cada uma, totalizando 3 mil bikes à disposição dos paulistanos.