Na nova administração a malha tem avançado timidamente, e usuários têm apontado problemas nos novos trechos. Ciclofaixa de lazer, criada em 2009, virou modelo para outras capitais.
No final da gestão, as rotas para bicicletas somavam, juntas, 200 km

No final da gestão, as rotas para bicicletas somavam, juntas, 200 km

Entre 2006 e 2012 a cidade de São Paulo recebeu grandes estímulos da Prefeitura de São Paulo para o uso da bicicleta. Alem do enorme sucesso das ciclofaixas de lazer, a preocupação com a bicicleta foi uma tônica. Foram criados durante a gestão de Gilberto Kassab 60 km de ciclovias e outros 60 de rotas de bicicletas, totalizando uma malha cicloviária de mais de 200 km. A ciclofaixa de lazer paulistana obteve resultados tão positivos que tornou-se modelo para outras cidades do país, como Brasília, Rio de Janeiro e Recife.

Na nova administração a malha cicloviária tem avançado muito timidamente. Até o início de julho deste ano, apenas 7,2 quilômetros de novas ciclovias foram implementados. Apesar da expansão lenta, os usuários tem apontado problemas nos novos trechos, como informa reportagem do jornal Agora São Paulo publicada nesta segunda-feira (7).

De acordo com a cicloativista Renata Falzoni, o trecho inaugurado entre o terminal Amaral Gurgel até a praça Julio Prestes apresenta três cruzamentos com sinalização insuficiente, que oferecem riscos aos ciclistas: na avenida Vieira de Carvalho com o largo do Arouche, e nos cruzamentos da avenida Duque de Caxias com a alameda Barão de Limeira e com a rua Conselheiro Nebias.

Segundo ela nesse locais os semáforos para carros e bicicletas abre ao mesmo tempo e se um motorista fizer uma conversão, pode atingir um ciclista e causar um acidente. Ela explica que nesses casos são necessários um semáforo para o ciclista, para que a passagem dele seja aberta primeiro. Alem disso, Falzoni alertou para problemas no pavimento, como buracos e grelhas na sarjeta, que podem prender as rodas das bicicletas.

Uso da bicicleta muda comportamento de motoristas

Em uma metrópole, cuja vocação para o uso do automóvel, em detrimento da utilização do transporte coletivo, é citada como uma de suas principais características, é estimulante conhecer números do sistema cicloviario da cidade. Estudos realizados com frequentadores das ciclofaixas de lazer mostraram que, em seu cotidiano, quando voltaram a se locomover de automóvel, eles passaram a respeitar muito mais os ciclistas. A ciclofaixa é um processo educativo e de estímulo ao compartilhamento do espaço viário.

Hoje, aos domingos e feriados nacionais, é visível a presença de várias gerações da mesma família na ciclofaixa: avós, pais, netos. Há relatos de parentes que voltaram a conviver a partir de encontros na ciclofaixa. E são essas pessoas que durante a semana retomam seus papéis como motoristas e passageiros de automóveis. Porém, retomam com outra visão – a de quem exerceu a experiência de andar sobre duas rodas.

A ciclofaixa de lazer tem se mostrado ainda um excelente meio de os moradores de São Paulo conhecerem a própria cidade, pois seus trajetos já abrangem as zonas sul, norte, leste e oeste da capital. Muitos ciclistas puderam descobrir e redescobrir os pontos tradicionais e turísticos do centro da cidade pela ciclofaixa de lazer. Isso sem falar que a ciclofaixa acaba criando um rastro positivo por onde passa: movimenta o comércio, ao lotar bares e restaurantes, e os pontos culturais, ao levar um novo público a museus e locais históricos.

Outra preocupação da gestão Kassab foi com a segurança dos ciclistas. Com esse foco, a Prefeitura criou em 2012 o Programa de Segurança ao Ciclista, que previa várias medidas de engenharia, fiscalização e de educação de trânsito. Um exemplo disso foi a criação de cursos na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para orientar e conscientizar os ciclistas sobre como se comportar no trânsito, por meio de aulas teóricas e práticas.

As empresas gerenciadas pela SPTrans (São Paulo Transporte) também passaram a oferecer treinamento específico para motoristas de ônibus sobre o convívio seguro com ciclistas no trânsito.

Outra medida criada em 2012 foi o Bike Sampa, programa de compartilhamento de bicicletas disponibilizadas em estações espalhadas pela capital paulista.  O programa previa a instalação de 300 estações com 10 bicicletas cada uma, totalizando 3 mil bikes à disposição dos paulistanos.