Sediada no quadrilátero formado pelas Ruas Conselheiro Crispiniano e Formosa, Avenida São João e Praça Ramos, projeto inaugurado por Kassab revitalizou a região em torno do Theatro Municipal de São Paulo.

Inaugurado no final de 2012 pelo então prefeito Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, o complexo paulistano Praça das Artes ganhou em Londres, na quinta-feira (5), o troféu de Edifício do Ano do Icon Awards, premiação anual de arquitetura e design instituída pela revista Icon. Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo, o projeto paulistano venceu quatro dos maiores nomes da arquitetura mundial: Herzog & de Meuron (que concorriam com o Parrish Art Museum, em Long Island, Nova York), Renzo Piano (que concorria com a torre The Shard, em Londres), o SANAA (que concorria com o Louvre-Lens, museu de arte em Lens, no norte da França) e Hugh Broughton (que disputava com o Halley VI, estação de pesquisas na Antártica).

Com investimento de R$ 136 milhões, o projeto revitalizou a região em torno do Theatro Municipal de São Paulo. O primeiro módulo da Praça das Artes abriga as Escolas de Dança e de Música, o edifício do antigo Conservatório Dramático e Musical, totalmente restaurado, e um estacionamento para 200 veículos. Na inauguração, Kassab lembrou que o novo espaço para a cultura tinha por objetivo apoiar as atividades do Theatro Municipal, contribuindo para a capacitação de pessoas e para a revitalização do centro. “É um espaço que pode receber grandes eventos, integrado à cidade e democrático”, afirmou.

Kassab e a então vice-prefeita Alda Marco Antônio durante a inauguração do espaço

Entre os jurados do Icon Awards (que tem 11 categorias) estavam profissionais como Rowan Moore, crítico de arquitetura do The Observer; Kate Goodwin, curadora da Royal Academy of Arts; Sam Jacob, professor de arquitetura da University of Illinois, Chicago e crítico da Art Review; e Tom Dyckhoff, crítico de arquitetura e design da BBC e colunista do Guardian e do Times.

“Um prêmio como esse dá uma levantada na arquitetura paulistana atual, que há 30 anos não tem um projeto metropolitano de porte como esse”, afirmou o arquiteto Marcelo Ferraz, um dos autores do projeto ao lado de Francisco Fanucci (ambos do escritório Brasil Arquitetura) e de Marcos Cartum.

As obras da Praça das Artes foram iniciadas em maio de 2009, no quadrilátero formado pelas Ruas Conselheiro Crispiniano e Formosa, Avenida São João e Praça Ramos de Azevedo (a chamada Quadra 27, com prédios deteriorados). Atualmente abriga parte dos eventos da Semana Internacional de Música (SIM).

A Escola de Dança tem vestiários e 10 salas amplas, todas equipadas com espelhos, barras e piano. Também contam com uma acústica especial, para que os ensaios de dança não provoquem trepidação, o que prejudicaria os trabalhos dos alunos de música. A Escola forma bailarinos, em dança clássica e contemporânea, com foco no atendimento de crianças e adolescentes. A edificação é acessível a pessoas com deficiência física. É dotada de dois elevadores comuns e um com capacidade para até 3.525 kg, adequado ao transporte de equipamentos e instrumentos de grande porte.

No edifício do antigo Conservatório Dramático e Musical, além do espaço para exposições, houve a revitalização do auditório para música de câmara, abandonado por 50 anos. “Esta é a sala de concerto de câmara mais importante da cidade. A idéia do Theatro Municipal nasceu aqui no Conservatório, a formação dos músicos era feita aqui. Portanto estamos restabelecendo este laço entre as duas instituições”, explicou Carlos Augusto Calil, secretário municipal de Cultura na época da inauguração.

Recuperação do Centro

A Praça das Artes é um projeto concebido pela Secretaria Municipal de Cultura para transformar a região em um polo irradiador de cultura no centro da cidade. Além de impulsionar a recuperação da região central por intermédio de ações de caráter cultural, a Praça das Artes integra todos os corpos artísticos do Theatro Municipal de São Paulo, antes dispersos em diferentes pontos da cidade. O compartilhamento de espaços dedicados às escolas de dança e música em uma mesma área proporciona uma formação complementar.

A Praça das Artes contribui ainda para retirar grande parte dos ensaios desses grupos do palco do Theatro Municipal, liberando-o para um número maior de apresentações para a população. As intervenções também resolveram um antigo problema urbanístico do local a partir da interligação do Vale do Anhangabaú e o Largo do Paissandu.