Instrumento essencial para a ação da polícia, a abordagem de suspeitos precisa ser aprimorada para ganhar mais eficácia, evitar casos de violência policial e garantir realmente a segurança pública. Esse foi o recado da cientista política e major da reserva da Polícia Militar paulista, Tânia Pinc, em sua palestra no Encontro Democrático realizado nesta quinta-feira (10) pelo Espaço Democrático, a fundação do PSD para estudos e formação política. Desta vez, o tema foi “Abordagem Policial: Como deve ser? Por que há tanta polêmica?”
Também participaram do evento o deputado estadual Coronel Camilo, ex-comandante geral da PM de São Paulo, e o especialista em segurança pública Túlio Kahn, consultor do Espaço Democrático.
Por sua vez, Túlio Kahn citou pesquisas indicando que políticas públicas adequadas podem reduzir as mortes provocadas por erros nas abordagens de suspeitos.
O Encontro Democrático desta quinta-feira – que teve a participação também da coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio, e de líderes e candidatos do partido às eleições deste ano –, integra a série de debates que vêm sendo realizados pelo Espaço Democrático há mais de um ano para discutir questões de interesse da sociedade brasileira.
Os encontros têm o objetivo de produzir conteúdo que sirva de base para as ações e propostas de parlamentares e gestores do partido. Nos últimos meses, em razão das eleições municipais de outubro, os temas têm sido voltados para o interesse de prefeitos e candidatos a prefeito e vereador. O propósito final é produzir conhecimento por meio da divulgação de boas práticas de gestão. A íntegra dos debates é publicada no site da Fundação.
Doutora em Ciência Política pela USP e com 25 anos de experiência na Polícia Militar paulista, Tânia Pinc ressaltou em sua palestra que a abordagem policial é legítima e necessária, mas é preciso discutir o quanto se aborda e o quanto se prende e medir a eficácia desse procedimento.
Como exemplo da possibilidade de aumentar a eficiência das abordagens, ela citou estatísticas mostrando que, enquanto o Estado de São Paulo realizou quase 17 milhões de abordagens em 2015 (39,3% da população), enquanto no mesmo período a polícia de Nova York fez pouco menos de 23 mil abordagens (ou 0,3% da população). “Embora tenha feito muito menos abordagens, a força nova-iorquina mostrou uma eficácia muito maior, pois as ações resultaram em 20% de prisões, enquanto em São Paulo esse índice é de 0,9%”, informou.
Segundo Tânia Pinc, isso mostra ineficiência no procedimento, pois o baixo índice de prisões não compensa a sensação de parte da população de que se está interferindo no direito de ir e vir e invadindo-se a privacidade das pessoas. Por isso, afirmou, “o aprimoramento é necessário e é preciso investir em uma nova política de abordagem, com melhor preparo profissional dos policiais e incentivo à obediência às leis, mediante sistema de recompensas”.
Ela destacou também a importância, nesse processo, da sistematização da coleta de dados sobre as abordagens, registrando-se mais informações e detalhes, o que permitiria melhor análise das eventuais deficiências e correção de problemas.