No país, queda foi de 10% no ano passado. No Estado de São Paulo, houve redução de 8% nas mortes em 2013. Na capital, a gestão Kassab criou programa de padronização de velocidade em ruas e avenidas para aumentar a segurança no trânsito.
Programas da gestão Kassab reduziram acidentes e mortes no trânsito

Programas da gestão Kassab reduziram acidentes e mortes no trânsito

 

As mortes em acidentes de trânsito caíram 10% em todo o país no ano passado, segundo dados do governo federal divulgados nesta segunda-feira (10) pelo jornal Folha de S.Paulo. A redução interrompe uma sequência de aumento da violência no trânsito, que durava havia três anos, e também representa a queda mais expressiva desde 1998, quando as mortes diminuíram em 13%.

Apesar disso, os números estão longe dos registrados em países desenvolvidos. Dados preliminares do SUS (Sistema Único de Saúde) apontam que foram 40,5 mil vítimas em 2013, ante 44,8 mil no ano anterior.

No Estado de São Paulo, houve redução de 8% nas mortes no ano passado, que passaram de 7.003 para 6.469. O Rio liderou a queda de mortes no trânsito: passaram de 3.047 em 2012 para 1.692 (44%).

Em seis Estados houve ligeiro aumento. O maior deles, de 4%, foi na Paraíba. Os outros foram Pará (1%), Mato Grosso (1%), Mato Grosso do Sul (2%), Roraima (2%) e Sergipe (2%).

Em entrevista à Folha, Fernando Avelino, presidente do Detran (Departamento de Trânsito) do Rio, afirmou que o principal motivo da queda no Estado é a Operação Lei Seca, que promove blitze intensivas desde 2009.

Também passaram a ser aceitos novos meios de provar a ingestão de álcool, além do bafômetro, e a classificação do crime de trânsito por dirigir embriagado ficou menos rígida -ou seja, ficou mais fácil para o infrator ser enquadrado como criminoso.

José Aurélio Ramalho, presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, cita a redução da velocidade do tráfego nas grandes cidades -causada pelo aumento da frota e dos congestionamentos ou, em menor grau, por ação do poder público.

Itens de segurança como airbag e freio ABS, que se tornaram mais comuns -em 2013 passaram a ser obrigatórios em 60% dos carros produzidos-, também podem ter ajudado na diminuição.

Apesar da redução, o trânsito ainda é muito violento no Brasil. São 20 mortes por 100 mil habitantes, ante uma média de 8 nos países desenvolvidos. Mesmo nações em situação econômica mais semelhante, como Argentina e Rússia, têm dados melhores.

A série histórica mostra que o número de mortes está diretamente ligado às políticas públicas de segurança viária. Em 1998, com o novo Código de Trânsito Brasileiro, houve a primeira redução significativa, que continuou nos dois anos seguintes, com mais radares e mais fiscalização.

A curva de vítimas voltou a crescer até 2008. No ano seguinte, quando foi aprovada a primeira Lei Seca, houve leve redução (2%), mas os números voltaram a subir.

À Folha, Luiz Carlos Néspoli, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), disse que é difícil saber o que foi preponderante para a redução das mortes no ano passado. “Continuamos sem uma política nacional de redução de acidentes, com recursos, metas e responsabilidades definidas”, afirma.

Motociclistas representam as principais vítimas do trânsito, com quase um terço das mortes. Em uma década, enquanto as mortes de ocupantes de carro subiram 32%, as de moto saltaram 130%.

PRIORIDADE À SEGURANÇA

A administração de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo (2006-2012) priorizou campanhas de proteção e de respeito aos meios de transporte não-motorizados, como os pedestres e os ciclistas, que resultaram no uso mais democrático das vias públicas. Além disso, criou um programa de padronização de velocidade em ruas e avenidas paulistanas para aumentar a segurança no trânsito e reduzir a gravidade dos acidentes.

Iniciado em 2010, foram mais de 420 km de vias que tiveram suas velocidades padronizadas e reduzidas. Como resultado, a avenida 23 de Maio, por exemplo, registrou redução de 38% nos acidentes em 2011 em relação ao ano anterior.

Lançado em maio de 2011, o Programa de Proteção ao Pedestre tinha como meta criar uma cultura de respeito e civilidade na relação entre motoristas de veículos motorizados e pedestres. No primeiro ano do programa, as ações de cunho educativo de respeito ao pedestre contribuíram para a queda de 40% de atropelamentos com mortes na região central e da avenida Paulista e de 10,7% no município de São Paulo, comparado com o mesmo período anterior. Entre 11 de maio de 2011 e 10 de maio de 2012, foram 24 mortes de pedestres na área central ante 40 no período anterior. O programa também registrou redução de 34,3% no número de atropelamentos na região central/Paulista. Foram 424 atropelamentos registrados nessa região de 11 de maio de 2011 a 10 de maio de 2012 ante 645 no período anterior.

A redução de vítimas de atropelamentos se manteve em 2013 na cidade de São Paulo. Em 2005, morreram 748 pessoas, vítimas de atropelamentos, e em 2013, 514, redução de 31,3% no período. A estatística mostra que a queda do número de mortes foi também significativa no total de acidentes de trânsito – incluindo pedestres, motoristas, passageiros e motociclistas. Em 2013, foram 1.152 casos, ante 1.505 em 2005, redução de 23,5%.