Cerca de 1.700 bicicletas de bambu, produzidas com a ajuda de estudantes da rede municipal de ensino e utilizadas pelos próprios alunos a partir de 2012, durante a gestão Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo, estão abandonadas. É o que mostra reportagem do Estado de São Paulo, que esteve no Centro Educacional Unificado (CEU) Paraisópolis e flagrou a situação das “magrelas”. De acordo com o relato, correntes, câmbios, aros e acessórios estão estragando, em condições ruins. A ONG parceira da Prefeitura no projeto enfrentou dificuldades financeiras no final de 2012 e interrompeu a parceria. De lá para cá, nada foi feito e as bicicletas estão estragando enquanto os alunos, que iam em comboio de casa para a escola de bicicleta, voltaram a andar a pé.
O Programa Escolas de Bicicleta, criado na gestão Kassab, produziu cerca de 1.700 bicicletas com quadro de bambu para capacitar estudantes da rede municipal a pedalar com segurança no trajeto da escola para casa. A montagem das bicicletas acontecia no CEU Jardim Paulistano – Professor Samuel Murgel Branco, na Brasilândia, Zona Norte. O modelo era pioneiro no país e o bambu substitui o alumínio ou ferro, comumente usados, o que proporciona grande economia de energia na produção.
Alunos de diversos CEUs da cidade utilizavam as bicicletas. Acompanhados por monitores, que ensinavam desde noções de equilíbrio e até como fazer a manutenção das bicicletas, eles começaram a pedalar em comboios entre a escola e suas casas, após pedaladas e aprovação de ciclistas experientes. Além da bicicleta, os alunos recebiam kit com capacete, iluminação, colete refletor, bagageiro e alforje, buzina, espelho retrovisor e cadeado.
A Secretaria Municipal de Educação, em pareceria com a ONG, criou metodologia para treinar e capacitar os monitores que atuavam com os alunos nos CEUs, com conhecimentos de legislação de trânsito, curso de primeiros-socorros, mecânica das bikes, além de ensinar o aluno a pedalar, ter equilíbrio, autonomia com as mãos, entre outros aspectos cognitivos.
Os alunos participantes tinham lições de legislação de trânsito, transporte sustentável, estilos e modalidades de bicicleta, oficina de mecânica e montagem, história e cultura da bicicleta, educação ambiental, e até orientações sobre liderança e mediação de conflitos. Na prática, recebiam lições de equilíbrio, postura e resistência, de modo a permitir que crianças que nunca andaram de bicicleta pudessem se tornar um aluno-ciclista. Ao final de um mês de aula, cada aluno recebia um certificado, entregue na presença dos pais, para começar a fazer o trajeto diário entre sua casa e o CEU, com seus colegas.