Em Encontro Democrático, economistas mostram que envelhecimento populacional traz novos e grandes desafios para a sociedade brasileira, que deve mudar e planejar melhor o futuro
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Especialistas preveem aumento da demanda por serviços e produtos específicos para idosos, que precisará ser atendida tanto na área privada como na pública.

 

O envelhecimento da população brasileira já começou e o País precisa se preparar para atuar de maneira efetiva no atendimento das necessidades dessa faixa etária. O alerta foi feito nesta terça-feira (22) pelos professores Luiz Jurandir Simões e Ana Carolina Maia, da área de Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo, durante debate sobre a questão da longevidade no Brasil, promovido pelo Espaço Democrático, fundação do PSD para estudos e formação política.

O evento integra a série de Encontros Democráticos que vêm sendo promovidos para discutir as questões que provocam impacto direto na atuação daqueles que estão ou pretendem entrar na vida pública. Temas como saúde, saneamento, educação, turismo, esportes, transporte urbano e parcerias público-privadas foram alguns dos apresentados até o momento. A íntegra do debate será publicada no site do Espaço Democrático.

 


Professor de Graduação na Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA/USP), Luiz Jurandir Simões alertou que, apesar de planejar o futuro não ser uma característica da sociedade brasileira, é urgente que o País comece a se preparar para enfrentar uma realidade em que parte expressiva da população será idosa, alterando bastante o perfil da demanda por serviços públicos e privados. “Precisamos pensar em como será o nosso país daqui a 15 ou 20 anos, o que não é comum entre nós”, avisou.

A professora Ana Carolina Maia, também da FEA/USP, explicou que o Brasil está passando pelo processo de envelhecimento populacional em uma velocidade maior do que a registrada na Europa. “A taxa de fecundidade se reduziu rapidamente ao mesmo tempo em que vem aumentando a longevidade, que deve se elevar ainda mais nos próximos anos, com a expectativa de vida ao nascer podendo chegar a 97,5 anos em 2050 e a 109 anos em 2100”, contou ela.

Esses fatores combinados, observaram os professores, vão elevar a demanda por serviços e produtos específicos para idosos, que precisará ser atendida tanto na área privada como na pública. “A autonomia dos idosos, por exemplo, vai diminuindo com o passar dos anos e não temos profissionais, clínicas e academias para atender as necessidades geradas”, disse Luiz Jurandir, citando exemplos como lavanderias, que vão precisar criar estruturas para atender idosos que não devem ou não podem subir em escadas para tirar ou colocar cortinas. “As empresas terão que criar serviços de retirada e colocação das cortinas para atender esses clientes e isso vai acontecer em todas as áreas”, afirmou.

Outra questão grave, na avaliação dos palestrantes, é o fato de, no Brasil, 75% da população dependerem exclusivamente dos serviços públicos de saúde, sofrendo com a ineficiência, burocracia e baixa qualificação profissional. “É preciso acelerar o processo de qualificação desses serviços e profissionais, para que se tenha nos próximos anos gente capacitada a atender a população idosa com qualidade”, disse Araújo.