Caroline defende a criação de uma secretaria municipal dedicada às pessoas com necessidades especiais

A defesa dos direitos das pessoas com deficiência é a principal motivação da empresária do setor de calçados, modelo e pré-candidata a vereadora pelo PSD de São Bernardo Caroline Marques. Paraplégica desde a infância, Caroline construiu uma trajetória marcada pela determinação e a autoestima elevada, virtudes que possibilitaram conquistas nos âmbitos pessoal e profissional.

Entre as suas bandeiras políticas está a luta pela criação de uma secretaria municipal dedicada a essa parcela da população da cidade de 838 mil habitantes da região do Grande ABC. “A secretaria será muito importante porque não temos nenhuma representação na Câmara Municipal. Temos 28 vereadores, há uma mulher e nenhum vereador com algum tipo de deficiência. Eles não podem lutar verdadeiramente por nós porque não sentem na pele as nossas dificuldades. Em 2013, o último Censo mostrou que tínhamos em São Bernardo 195 mil pessoas com algum tipo de deficiência”, afirma a pré-candidata.

Outra proposta de Caroline, que disputará uma vaga no Legislativo pela segunda vez, é a realização de um estudo para detalhar a localização dessas pessoas, o que facilitaria o atendimento de demandas médicas e sociais. “Quero que seja feito um mapeamento delas. Nós não sabemos onde moram e como é o acesso aos tratamentos. A gente tem que mapear para ver se é necessário implantar um centro de convivência em uma determinada região e assim elas não tenham que fazer tantos deslocamentos.”

A pré-candidata também pretende atuar pela inserção do ensino da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) nas escolas da rede municipal; a promoção de parcerias que possibilitem a implantação de um centro de reabilitação para pessoas com deficiência; e a acessibilidade nas vias públicas.

Acidente e superação

Em 1991, Caroline tinha 9 anos quando sofreu um acidente automobilístico na rodovia Fernão Dias, na altura da cidade de Itaúna — município que fica a cerca de 80 quilômetros de Belo Horizonte — em uma viagem com a família para visitar parentes na capital de Minas Gerais. “Um carro que estava na contramão colidiu com o nosso. Meu pai faleceu na hora. Eu tive fraturas na coluna, no fêmur, hemorragia interna, traumatismo craniano e fiquei em coma. A minha mãe teve várias fraturas e meu irmão quebrou a perna”, relembra a pré-candidata.

Dez dias depois, quando acordou do coma, a menina não mexia os braços nem reconhecia as pessoas. Enfrentou três meses de internação no Hospital Brasil, em Santo André, e também passou por cirurgias e terapias na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Apesar de todas as dificuldades, prosseguiu os estudos e não repetiu o quarto ano do Ensino Fundamental. “Foi uma recuperação bem crítica mesmo, mas, graças a Deus, superei muitos obstáculos, muitas barreiras. Ou eu seguia em frente e lutava pela minha independência, para ser uma pessoa igual a todos, ou então ficaria triste, chorando em uma cama. Não era isso o que eu queria. Por isso essa minha luta para ajudar muito as pessoas com deficiência”, frisa Caroline.

Decidida a não se abater pelas adversidades e limitações físicas, a pré-candidata destacou-se em diversas frentes. Desde a juventude dedica-se a projetos sociais.

Em 2015, Caroline ganhou o título de Miss Brasil Cadeirante.

Foi presidente da organização não governamental Viver em Igualdade, que promove a inclusão das pessoas com deficiência, além da proteção aos animais e a valorização das mulheres. A ONG apoiou o projeto Drone sem Barreiras, realizado pela empresa Futuriste, que oferece, gratuitamente, curso de pilotagem de drones para pessoas com deficiência. O curso capacita o aluno para a produção de fotos e filmagens aéreas, além de fornecer orientações sobre o mercado de trabalho, funcionamento da aeronave, configurações de voo, conceitos de fotografia, entre outros temas.

Mãe do adolescente Enzo, de 16 anos, Caroline também atuou como modelo em diversas campanhas publicitárias e desfiles, realizando um sonho que alimentava desde a infância. Em 2015, ganhou do missólogo (profissional que prepara modelos para atuarem como misses) Roberto Nécio o título de Miss Brasil Cadeirante.

No mesmo ano, apresentou a primeira temporada do programa Viver Eficiente, exibido pela TV Cidade, emissora estabelecida em Osasco, na Grande São Paulo. “As pessoas com deficiência não são vítimas, não são coitadas. Nós só queremos igualdade”, resume a pré-candidata.