A construção de santuários voltados para a reabilitação de animais silvestres resgatados das mãos de contrabandistas será uma das propostas do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura casos de maus-tratos a animais. O presidente do colegiado, deputado Ricardo Izar, do PSD de São Paulo, afirmou que o investimento pode vir com a criação de um fundo nacional de defesa animal.
“A maioria dos santuários no Brasil, que são exclusivos da iniciativa privada, estão abandonados. Quando há a apreensão de um leão de circo ou de uma onça vítima do tráfico, não há lugar adequado para destinar esses animais. É preciso olhar também para esta questão, ajudar as entidades privadas que tratam do assunto, mas também colocar no orçamento público a criação desses espaços”, afirmou o parlamentar.
Izar é autor do Projeto de Lei 2.883/11, que autoriza deduzir do imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas as doações efetuadas a esse possível fundo. O parlamentar afirmou que as indústrias pet e veterinária já demonstraram interesse na proposta.
Durante a audiência, parlamentares e especialistas também debateram a matança indiscriminada de galos usados para rinha. A Polícia Militar Ambiental e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estariam sacrificando animais com indícios de participação nesses eventos.
“Até poderíamos recomendar que esses galos de briga fossem usados para consumo humano. Mas, em várias abordagens, nos locais onde acontecem as brigas, encontramos hormônios usados provavelmente para aumentar o desempenho destes animais nas lutas”, alertou João Pessoa Moreira, coordenador-geral de Fauna do Ibama.
Moreira lembrou ainda que o homem é responsável por “criar” um ambiente propício para que os galos entrem em confronto. “O homem submete esses animais à crueldade. O galo não tem um instinto combatente, mas sim territorialista. Se você colocar dois galos do mesmo peso, com as mesmas características em um lugar fechado, é claro que eles vão brigar até a morte, o que geralmente não acontece na natureza.”
Para Izar, não há dúvidas de que a criação de galos é voltada para a rinha. “A apreensão de acessórios como biqueiras, esporas de plástico e balanças de pesagem, por exemplo, comprova isso. Quem cria esse galo combatente, cria para a finalidade de leva-lo à rinha, o que é crime.”