Ricardo Izar: causa animal tem repercussões em áreas como a saúde pública, gestão municipal e até na atividade econômica.

O PSD já tem história na defesa dos animais e deve reforçar sua atuação por essa causa. Essa foi a proposta lançada nesta segunda-feira (17), durante o 11º Encontro Democrático, pelo deputado federal Ricardo Izar (PSD-SP), presidente da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos Animais e da recém-criada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-tratos e Defesa dos Animais. O evento teve a participação de ativistas da causa animal, lideranças do PSD e do prefeito de Cafelândia (SP), Luís Otávio Carvalho.

De acordo com Izar, esse tema vem ganhando relevância cada vez maior na sociedade, tanto assim que o Congresso está hoje muito mais receptivo às propostas que tratam da questão. Ele relatou que, há alguns anos, no início de sua atuação como parlamentar, encontrava muita dificuldade para obter apoio às suas propostas em defesa dos animais. “Agora está muito mais fácil, esse não é mais um tema secundário no Congresso, já se percebeu a sua importância junto à sociedade”, disse.

Veja o que disseram os participantes do evento:

Em sua palestra no Encontro Democrático, evento promovido pelo Espaço Democrático (fundação do PSD para estudos e formação política) com o objetivo de debater e propor soluções para questões de interesse para o desenvolvimento do País, o deputado Ricardo Izar lembrou que a causa da defesa dos animais ultrapassa em muito o aspecto afetivo e da solidariedade, pois tem repercussões em áreas como na saúde pública, a gestão municipal e até na atividade econômica, sendo que indústria, serviços e comércio voltados  para o mercado pet (de animais de estimação) têm participação crescente no Produto Interno Bruto.

Daí, explicou, surge a importância de os partidos políticos dedicarem atenção ao assunto, inclusive pelo fato de pesquisas recentes indicarem que 17% da população colocam o assunto entre suas três principais prioridades. “Nenhum partido assumiu essa bandeira como o PSD, que pode fazer mais ainda por essa causa que atende aos anseios de parte expressiva da população”, afirmou Izar.

O evento teve a participação de ativistas da causa animal e de lideranças do PSD

Apoio à proposta

A proposta foi apoiada de imediato por lideranças do partido, como os coordenadores do PSD Movimentos, Ricardo Patah, e do PSD Mulher, Alda Marco Antonio, presentes ao evento. Para Patah, que é também presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), é realmente importante que o PSD assuma a bandeira da causa animal, inclusive na campanha para as prefeituras no próximo ano. “Os candidatos a prefeito do PSD têm que levantar essa bandeira. Eu, aqui em São Paulo, pretendo lutar por isso”, afirmou.

Para ele, essa é uma questão muito importante para as pessoas, “pois além do afeto que dedicamos aos nossos animais de estimação, há também o aspecto econômico, com esse segmento gerando milhares de empregos, e o problema da saúde humana, onde há necessidade de políticas públicas para enfrentar doenças como a leishmaniose e a raiva”.

Para Alda Marco Antonio, ex-vice-prefeita de São Paulo e ex-secretária estadual do Trabalho e do Menor, a sugestão de Izar deve receber todo o apoio. “O PSD é um partido novo e precisa da colaboração de todos os seus integrantes e é isso que estamos fazendo aqui, estamos fazendo a história de nosso partido”, afirmou.

Ela lembrou também que os integrantes do PSD podem se orgulhar de ter entre seus líderes o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, atual ministro das Cidades, que durante sua gestão na Prefeitura paulistana criou o primeiro hospital veterinário público do País. “Essas iniciativas, e o que estamos fazendo aqui, vão para a internet, são multiplicadas e trazem ganhos importantes para a causa dos animais”, afirmou.

A proposta recebeu também o apoio de ativistas da causa animal, como a representante da FAOS (Federação das Associações e ONGs do Estado de São Paulo), Fátima Prudente. Para ela, “é um privilégio participar de um momento como esse, pois a questão da defesa dos animais ainda é muito negligenciada em nosso País”. Fátima afirmou ainda que “maus-tratos a animais tiram do ser humano a sua humanidade; não podemos mudar a nossa sociedade convivendo com isso impunemente”.

“Nenhum partido assumiu essa bandeira como o PSD, que pode fazer mais ainda por essa causa”, afirmou Izar.

Hospital veterinário

Na mesma linha, Rodolfo Aliaga, conselheiro do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, destacou a importância de ações adotadas por lideranças do PSD. Em sua opinião, é importante que os partidos tenham líderes como Gilberto Kassab, que teve a vontade política de colocar em funcionamento o hospital veterinário público, e Ricardo Izar, com suas propostas em defesa dos animais lançadas na Câmara. Ele se colocou à disposição para ajudar o partido a levar adiante a bandeira da causa.

Por sua vez, Luís Otávio Carvalho, prefeito de Cafelândia, cidade de 17 mil habitantes no interior de São Paulo, citou a experiência positiva que seu município vive em função do crescimento do mercado pet. Ele lembrou que Cafelândia, que já foi um dos maiores polos produtores de café do Brasil, vinha buscando há tempos uma nova atividade econômica que permitisse a geração de renda e empregos. “Na minha gestão, eu e o vice-prefeito percebemos que a cidade já tinha vocação para atender o mercado pet, com cerca de 30 pequenos empreendimentos direcionados a esse segmento. Eram, contudo, fabriquetas de fundo de quintal, que precisavam crescer e se estruturar”, contou.

A partir dessa constatação, prosseguiu Luís Otávio, a Prefeitura iniciou investimentos na qualificação dos empreendedores locais e iniciou o projeto de criação de um polo pet (leia mais aqui). “Agora conseguimos a promessa de recursos estaduais para as obras necessárias e acreditamos que até o final do ano teremos o nosso polo em funcionamento, com uma incubadora de empresas e laboratório para geração de tecnologia”, contou, lembrando que Cafelândia já é reconhecida nacionalmente por seus produtos para o mercado pet.

Polo pet

Em seu depoimento, Luís Otávio comentou ainda que, embora Cafelândia tenha essa experiência positiva com a questão dos animais, há também dificuldades que precisam ser enfrentadas. Ele citou um recente Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que a Prefeitura firmou com o Ministério Público para colocar em prática, até o fim de 2015, sistemas municipais de microchipagem e castração de animais domésticos. “Não temos recursos para isso, mas vamos encontrar solução e cumprir a meta, mesmo com dificuldade”, afirmou.

Essa foi uma das questões, aliás, tratadas pelo deputado Ricardo Izar em sua palestra. Segundo ele, como a legislação sobre o tema ainda é incipiente no Brasil, faltam políticas públicas que tracem caminhos para Estados e municípios possam enfrentar problemas como as doenças transmitidas pelos animais ou a punição de maus-tratos. “Não temos nem mesmo uma rubrica do orçamento para que os deputados possam propor emendas direcionados a esse campo da administração municipal, nos impedindo de ajudar os prefeitos a obter recursos para isso”, concluiu, reforçando sua proposta de um envolvimento ainda maior do partido com a questão.