Evento promovido pelo Espaço Democrático reuniu personalidades do setor para debater ações que podem contribuir para o desenvolvimento econômico das cidades
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Eduardo Sciarra, Herculano Passos, Luiz Alberto Machado, Marcelo Rehder e Caio Carvalho

Assim como no futebol, onde se diz que o pênalti é tão importante que deveria ser sempre cobrado pelo presidente do clube, o turismo é uma atividade econômica tão essencial que deveria ser sempre gerida pela mais alta autoridade de cada instância pública. Essa foi a principal mensagem da palestra do ex-ministro de Esportes e Turismo, Caio Carvalho, durante o 13º Encontro Democrático, realizado na segunda-feira (21), auditório do PSD em São Paulo.

O evento integra uma série de debates promovida pelo Espaço Democrático – fundação do PSD para estudos e formação política – com o objetivo de analisar experiências e boas práticas de gestão para propor a prefeitos e gestores públicos caminhos para ultrapassar as dificuldades que enfrentam.

Nos próximos dias, o site do Espaço Democrático publicará a íntegra do encontro

Desta vez, o tema foi “Turismo como fator de desenvolvimento local” e o encontro reuniu alguns dos principais personagens desse segmento econômico, além de prefeitos (como Maria Antonieta de Brito, do Guarujá, um dos principais polos turísticos de São Paulo), vereadores, gestores e lideranças políticas como Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e coordenador do PSD Movimentos; Sebastião Misiara, presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo; e Carlos Karan, vereador de Praia Grande (SP).

Entre os empresários presentes estavam Nelson de Abreu Pinto, presidente da Confederação Nacional do Turismo; Ibrahim Georges, diretor da Academia Brasileiro de Eventos e Turismo; Edson Pinto, vice-presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de São Paulo; e Bruno Omori, presidente de Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo.

A mesa de debatedores foi composta, além de Caio Carvalho, por Marcelo Rehder, ex-secretário de Turismo da cidade de São Paulo; Herculano Passos, deputado federal pelo PSD-SP e presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo; e Eduardo Sciarra, chefe da Casa Civil do Governo do Paraná.

Caio Carvalho: a expansão do turismo no Brasil está patinando

Caio Carvalho: a expansão do turismo no Brasil está patinando

Impacto econômico

Em sua apresentação, o ex-ministro Caio Carvalho, que também foi presidente da Embratur e da São Paulo Turismo, deixou clara a importância do turismo para a economia do País, lembrando que a atividade beneficia 52 setores da economia, que vão desde hotéis e agentes de viagem até escritórios de arquitetura, indústria têxtil, serviços gráficos e muitos mais. Apesar disso, ressaltou, a expansão do turismo no país vem patinando, sendo que o fluxo de visitantes estrangeiros passou de 5,37 milhões no ano 2000 para algo em torno de 6 milhões em 2014. “É muito pouco, considerando-se todos os recursos investidos nessa área ao longo dos últimos anos”, disse.

Para ele, o real aproveitamento do grande potencial do país nessa área exige uma política consistente e permanente que inclua investimentos na qualidade dos serviços, legislação competitiva (citou a exigência de visto para turistas norte-americanos, que há muito vem sendo questionada mas permanece até hoje) e ações estratégicas como segmentação de marketing, buscando-se, por exemplo, divulgar as atrações turísticas do Brasil em países mais próximos ou então entre grupos específicos de viajantes. Defendeu ainda o fomento ao turismo interno, a municipalização das ações nesse campo, fortalecimento da defesa do consumidor e o reforço da imagem do país no exterior, entre outras iniciativas.

De acordo com o ex-ministro, cidades interessadas em explorar seu potencial turístico devem criar um conselho de turismo e seguir uma agenda que inclua responder perguntas como: Qual o perfil do turista que queremos? Qual a percepção que queremos que o público externo tenha de nossa cidade? Como seduzir o imaginário do turista que queremos? Como construir uma marca forte? Como fortalecer e aproveitar a identidade local?

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Evento reuniu prefeitos, vereadores, gestores e lideranças políticas como

Cidades criativas

Caio Carvalho lembrou ainda que o “significado” que um destino oferece de exclusivo tem valor econômico. Por isso, enfatizou, cidades que pretendem aumentar o fluxo de turistas precisam ser criativas, comprometidas com a cultura e estimular movimentos inovadores. Lembrando que uma cidade atrativa para os turistas é a cidade boa para seus moradores, ele defendeu a ideia de que uma localidade atrativa para turistas é aquela em que “as pessoas que nela vivem sintam-se personagens de seu desenvolvimento e possam cantar sua aldeia”.

Para Marcelo Rehder, que, além de secretário municipal de Turismo de São Paulo, foi presidente da SP Turismo e participou da produção de mais de 1.000 eventos da cidade, a atividade turística, devido à sua expressão econômica, precisa ser vista como uma prioridade da gestão pública e deve estar permanentemente integrada com os demais setores da economia. “O turismo representa 9,5% do PIB mundial e 10% da mão de obra; sendo que, no Brasil, a atividade gera mais de 10 bilhões de dólares anualmente”, disse, esclarecendo que São Paulo é o maior polo turístico do país, com 15 milhões de turistas no ano passado.

Rehder lembrou ainda que o turismo não beneficia apenas as cidades que disponham de atrações competitivas, pois tem impacto positivo sobre todo um polo, que inclui municípios fornecedores de produtos, serviços e mão de obra.

A mesma tese foi defendida pelo deputado federal Herculano Passos, que foi, entre 2005 e 2012, prefeito de Itu, um dos principais polos turísticos do interior do Estado de São Paulo. Segundo ele, “turismo é uma das saídas para crises como a que estamos vivendo”. Por isso, disse, durante sua gestão na Prefeitura se dedicou muito ao assunto, atuando junto à associação das estâncias turísticas do Estado de São Paulo, e, na Câmara, na presidência da Frente Parlamentar do Turismo, vem batalhando para resolver alguns dos gargalos que afetam o setor. “É o caso da exigência de visto para os turistas norte-americanos, que precisa acabar para que eles venham gastar e investir aqui”, afirmou.

Para Herculano Passos, o Brasil precisa de criatividade e inovação para superar a situação atual, onde o país recebe 6 milhões de turistas estrangeiros por ano enquanto a França recebe 80 milhões. “Sou favorável, nesse sentido, à abertura de cassinos para trazer turistas e ajudar a economia”, disse.

Por sua vez, Eduardo Sciarra, que foi líder da bancada do PSD na Câmara e é também empresário no setor turístico, destacou a importância de os responsáveis pela política de incentivo ao turismo, em qualquer instância de governo, ter interlocução e capacidade de arregimentar recursos. “Como empresário do setor, vejo que, embora haja aumento expressivo do fluxo de turismo para destinos como Foz de Iguaçu, ainda há muito espaço para crescer e aproveitar todo o potencial do país para essa atividade”, disse.