A decisão da Prefeitura de São Paulo de suspender a inspeção veicular ambiental e o Programa Ecofrota, que prevê uso de combustíveis mais limpos pelos ônibus municipais, é agravante na capital.
Falta de chuvas e ,presença de massa de ar quente pioraram a qualidade do ar em SP

Falta de chuvas e ,presença de massa de ar quente pioraram a qualidade do ar em SP

 

O longo período de poucas chuvas e clima muito seco aliado à presença de massa de ar quente são apontados por reportagem da Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/195051-com-poucas-chuvas-sp-tem-ar-com-a-pior-qualidade-em-7-anos.shtml) como causadores da pior qualidade do ar na Grande São Paulo desde 2007. A suspensão do serviço de inspeção veicular ambiental pela Prefeitura de São Paulo e a redução na renovação da frota e da implantação do Programa Ecofrota são agravantes na capital.

De acordo com levantamento do jornal, dados das 23 estações medidoras da CETESB indicam que o poluente “poeira fina”, que afeta narinas, garganta e pulmão, fez 1.325 ultrapassagens nos limites considerados saudáveis pela Organização Mundial da Saúde. A cada dia é possível somente uma ultrapassagem desse limite. Com a previsão de poucas chuvas para as próximas semanas, esse tipo de situação deve voltar a ocorrer.

O quadro de poluição do ar pode ser ainda mais grave pelo fato de a Prefeitura de São Paulo ter deixado de fazer, desde fevereiro deste ano, a inspeção veicular ambiental obrigatória. Implementada durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, o programa de inspeção veicular foi uma das mais importantes ferramentas de redução da emissão de poluentes já implementadas na cidade.

Estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), que considerou apenas os veículos movidos a diesel que fizeram a inspeção em 2011, revela que com a redução de     poluentes emitidos por esses veículos foram evitadas 1.515 internações hospitalares e 584 mortes por problemas respiratórios. A relação custo-benefício é enorme, já que isso equivale a uma economia estimada de mais de US$ 79 milhões para o sistema público de saúde, valor que é 20 vezes maior do que o custo das inspeções.

De acordo com estimativas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), caso a inspeção fosse adotada em todos os 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo esses números poderiam ser triplicados. O mesmo estudo aponta que o ganho com a inspeção, apenas em 2011, foi equivalente à retirada dos poluentes emitidos por uma frota de mais de 1,4 milhão de veículos, sendo 1,2 milhão de automóveis, 87 mil motocicletas e 36,3 mil veículos movidos a diesel.

Funcionamento

O Programa de Inspeção Veicular implementado por Kassab verificava todos os veículos da cidade. Até novembro de 2012, foram feitas mais de 13 milhões de inspeções em mais de 10,4 milhões de veículos. Com o programa, até o final 2012 não houve nenhum dia em que os níveis de emissão de monóxido de carbono ultrapassaram os padrões do CONAMA, segundo relatórios de qualidade do ar divulgados pela CETESB.

Além dessa iniciativa, entre 2011 e 2012, dois últimos anos da gestão Kassab, quase 10% da frota de 15 mil ônibus do sistema de transporte municipal à época passaram a utilizar combustíveis renováveis. O Programa Ecofrota previa a utilização progressiva de combustíveis limpos na frota de ônibus de São Paulo e conseguiu, antes de ser suspenso, reduzir em 14% as emissões dos poluentes dos ônibus no primeiro ano de sua implantação, entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2012.

 

Entre 2009 e 2012, Kassab renovou quase a metade dos 200 trólebus – movidos a energia elétrica – que circulam em São Paulo. E até o fim da sua gestão à frente da Prefeitura 1.200 ônibus que usavam uma mistura de 20% de biodiesel de grãos ao diesel já circulavam. A utilização do combustível conhecido como B20 nesses veículos reduziu em até 22% a emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos.