O prefeito de São José dos Campos (SP), Felicio Ramuth, recém-filiado ao PSD, afirmou neste sábado, em entrevista ao jornal O Vale, que de fato considera a ideia de candidatura ao Palácio dos Bandeirantes: “Existe a possibilidade real e não vou negar, ainda que não tenha sido a principal motivação. É um reconhecimento do trabalho desse time na gestão da cidade”, afirmou Ramuth.
“O que nos orgulha é a inspiração e o reconhecimento de São José, essa abertura que o PSD dá para que a gente possa levar o nosso jeito de fazer política e gestão para somar ao partido nas suas propostas estaduais e até nacional”, disse Ramuth. “Queremos praticar a boa política e mostrar que é ainda possível mudar a cidade, o estado e o país.”
Confira a entrevista na íntegra.
Por que deixou o PSDB?
Ao longo dos últimos dois anos, na pandemia, ficou claro meu posicionamento ao governo estadual. Tive alguns embates em relação à gestão da pandemia com o governador, o que dificultou que a cidade pudesse implementar aquilo que acreditava que deveria, até por uma imposição legal. Isso já abalou um pouco o relacionamento com o governo e o partido.
Além disso, o PSDB de São José tem grandes lideranças e percebemos que foram poucos valorizados ao longo dos anos pelo PSDB estadual e nacional. Declarações de Fernando Henrique Cardoso e antigas lideranças que nos deixaram, até o próprio Geraldo Alckmin que deixou o partido. Tudo isso acabou nos levando a ser coerente na gestão e na política. Já disse que foi o PSDB que saiu de mim. Assim eu o fiz agora, com nosso time e escolhemos o PSD, partido com muitas boas lideranças na região, no estado e no país. Partido que tem simpatia de muitos outros políticos.
Foi uma decisão do grupo?
Quando a gente faz um movimento como esse não pode ser tão pessoal ou individual, tem que ser o melhor movimento para todos. Entendemos que essa migração ao PSD com esse time de pessoas que praticam a boa política vão dar uma cara ao partido, que buscava agregar esse time. Não acredito na política com a escolha de salvadores da pátria. O grupo de pessoas entendeu que esse é o melhor caminho.
Como ficou a relação com Eduardo Cury e Emanuel Fernandes?
O que existiu ao longo dessa discussão sobre a mudança de partido foram alguns posicionamentos inclusive de ‘time’ para que isso pudesse acontecer. Os vereadores do PSDB, por exemplo, não podem sair do partido, porque podem perder o mandato. O deputado federal terá uma janela para discutir se muda ou não do PSDB.
Eu vinha conversando e dizendo dos movimentos que deveríamos fazer. Na grande maioria dos pontos concordamos, mas houve pequena interpretação por parte do Eduardo Cury em relação à saída, do ponto de vista negativo. Disse que seguiria meu caminho. A gente reconhece a importância do Eduardo para a cidade e região, e é importante que ele se reeleja. É um grande nome para trazer mais benefícios para a cidade e região.
Quando o sr. tomou a decisão?
Essa é uma discussão que fazíamos internamente no PSDB. Houve também a questão da escolha dos candidatos nas prévias, quando escolhemos o Eduardo Leite, que teria mais chance e um jeito de fazer política mais parecido com o nosso. E nos posicionamos claramente contra o outro candidato, o governador João Doria.
Existiu esse fato que deve ser levado em consideração. Mas fazíamos a discussão há cerca de dois anos e apontamos a nossa insatisfação na permanência no PSDB. No meio do ano passado comecei a conversar com outros partidos, como Podemos, PL, PSD, MDB, tive abertura com vários partidos e mostrando a possibilidade desse time de São José migrar para outro partido.
Por que optou pelo PSD?
O contato com o Gilberto Kassab foi ao final de novembro e ele colocou o pensamento dele e a linha de atuação do PSD, que é um partido de centro, que tem no seu estatuto o respeito ao empreendedorismo, bom uso do dinheiro público, defende eficiência na gestão e valoriza programas sociais, como SUS e auxílio a quem mais precisa. É um partido que se adequou ao nosso pensamento.
Também a questão do PSD ter seu próprio candidato no primeiro turno nas eleições presidenciais, que é [presidente do Senado] Rodrigo Pacheco, não irá declarar apoio para um ou outro. Isso pesa favoravelmente. O que passo a defender agora é que a coligação também seja proibida na majoritária, com cada partido saindo com seu candidato.
Todas essas sinergias de pensamento e a organização do PSD, que é um partido com uma das maiores bancadas do Congresso. Tudo isso pesou a favor do partido. Queremos praticar a boa política e mostrar que é ainda possível mudar a cidade, o estado e o país.
Vai ser candidato ao governo de São Paulo?
Existe a possibilidade real e não vou negar, ainda que não tenha sido a principal motivação. É um reconhecimento do trabalho desse time na gestão da cidade. Claro que nos enche de orgulho e satisfação. Tivemos a possibilidade de juntar grandes lideranças na nossa filiação, como prefeitos, vereadores e lideranças do partido.
Juntar esses talentos para ter um bom candidato ao governo de São Paulo vai ser uma missão do PSD e seu meu nome foi lembrado, claro que recebo com satisfação. O convite oficial ainda não foi feito, mas isso é fruto do trabalho do time político de São Jopé, que foi reconhecido pelo PSD e também na gestão da cidade.
Se for candidato e eventualmente vencer, qual a marca que levará ao governo de São Paulo?
Acho que a nossa gestão tem muito clara a prática da boa política, daquela do olho no olho, de escutar as pessoas e de ter a sensibilidade social. Vejo um pouco distante da atual gestão, de conhecer de perto os problemas das pessoas. Acho que esse é um ponto que esse time leva, a importância de estar nas ruas.
A segunda é a inovação, da tecnologia a serviço das pessoas. São José deu grande salto nesse sentido e pode servir de exemplo em muitas áreas. Cito o Hospital de Retaguarda com metodologia nova e inovadora de consulta e pode servir de modelo no futuro para o estado, independente da minha candidatura. O que nos orgulha é a inspiração e o reconhecimento de São José, essa abertura que o PSD dá para que a gente possa levar o nosso jeito de fazer política e gestão para somar ao partido nas suas propostas estaduais e até nacional. É isso que faz a diferença para nós e trabalhar para realizar.
Que marca deixa em São José?
Já está me mandando embora (risos)? Independente de qualquer coisa, eventualmente numa escalada ao governo estadual, é uma gestão que permanece, de continuidade. Nada ficará pelo caminho. Isso se completará ao longo dos quatro anos. Considerarei essa gestão como sendo minha e com certeza o Anderson Farias, que assumiria em caso de candidatura ao governo, trata-se de uma continuidade. Não vejo rompimento, é o nosso jeito que continua com esse time.