Ainda vista por brasileiros de todo o País como uma região de muito poder econômico, o Grande ABC – grupo de cidades próximas à capital paulista – enfrenta hoje, na verdade, graves dificuldades para atender às demandas de seus mais de 2,7 milhões de habitantes. A afirmação é do ex-secretário-executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Fabio Palacio, para quem aqueles municípios não recebem a atenção necessária dos governos estadual e federal porque se acredita que a área é rica e que seus principais problemas já estão resolvidos, preferindo-se, assim, atender regiões consideradas mais carentes.
“É uma falsa impressão”, diz Palacio, engenheiro civil e advogado que foi o terceiro colocado na eleição para prefeito de São Caetano do Sul em 2016, com mais de 20 mil votos numa cidade de 160 mil habitantes. Aos 40 anos, casado, com duas filhas, ele foi vereador de São Caetano por 12 anos. Essa experiência, somada ao período em que atuou no consórcio intermunicipal da região, lhe deu uma posição privilegiada para observar a decadência econômica da região e buscar soluções.
Em São Caetano, por exemplo, conta ele, se vive atualmente um processo de verticalização urbana extremamente preocupante. “A cidade tem apenas 15 km quadrados de área, mas está muito próxima da capital e tem disponibilidade de terrenos baratos antes ocupados por empresas que deixaram a região ou fecharam as portas. Com isso, e graças também a uma lei de zoneamento perniciosa, nos últimos 15 anos houve uma verticalização muito grande, com a construção de edifícios de apartamentos ocupados por pessoas que trabalham em São Paulo. Ou seja, São Caetano perdeu arrecadação ao mesmo tempo em que crescia a demanda por serviços públicos, causando grave desequilíbrio nas contas públicas; a cidade já não consegue caminhar com as próprias pernas”, conclui.
Fabio Palacio, que se filiou ao PSD no início de abril, depois de 23 anos no PR, diz que a situação é parecida em todo o ABC e acredita que um dos caminhos para superar as atuais dificuldades é aumentar a representatividade política da região. “O ABC precisa ter representantes atuantes nas várias instâncias de governo, que façam prevalecer uma visão clara de nossa situação e tragam recursos para o nosso desenvolvimento”, diz.
Ele esclarece, porém, que é preciso buscar outras formas de garantir um crescimento sustentado regional. “O ABC precisa se repensar, buscar novos focos de desenvolvimento, criar infraestrutura e condições para atrair, por exemplo, empresas das áreas de serviços e tecnologia”, afirma Palacio, que é pré-candidato a deputado pelo PSD nas eleições de outubro próximo.
“Quero fazer diferença nas nossas vidas. Lutar por investimentos relevantes na nossa região e melhorias efetivas para a população”, afirma, destacando que defende uma política transparente, participativa, com tolerância zero à corrupção. “Tenho comigo um importante lema de vida: Sozinhos podemos pouco. Unidos somos fortes e podemos vencer grandes desafios, fazer grandes mudanças”.