Em debate promovido pelo Espaço Democrático, o jornalista Eduardo Oinegue e o advogado Sérgio Victor falam sobre o desafio representado pelas informações fraudulentas que circulam nas redes sociais

O jornalista Eduardo Oinegue e o advogado Sérgio Victor falaram para uma plateia composta por lideranças e pré-candidatos do partido às eleições de outubro próximo.

 

As fake news – informações fraudulentas veiculadas pelas redes sociais com intenção de destruir a imagem ou propostas de alguém – só se propagam porque a sociedade quer. E depende das pessoas, individualmente, o combate efetivo a esse problema que vem causando estragos em todo o mundo e já é encarado como uma ameaça à democracia. Essa foi, em resumo, a conclusão a que chegaram os participantes do debate realizado nesta quinta-feira (3) pelo Espaço Democrático, a fundação para estudos e formação política do PSD.

O jornalista Eduardo Oinegue e o advogado Sérgio Victor falaram sobre o tema para uma plateia composta por lideranças e pré-candidatos do partido às eleições de outubro próximo. Estavam presentes o deputado estadual Coronel Camilo, a coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio, e o ex-ministro das Comunicações e pré-candidato a deputado federal Andrea Matarazzo. O encontro, coordenado pelo cientista social Rubens Figueiredo, foi transmitido ao vivo pela página do Espaço Democrático no Facebook (veja aqui).

Eduardo Oinegue, que foi diretor de redação das revistas Veja e Exame e atualmente é colunista da Rádio Bandeirantes e consultor de imagem e reputação, lembrou em sua palestra que as fake news não são apenas notícias falsas, mas informações falsas elaboradas com a intenção de destruir algo, seja a reputação de uma pessoa ou uma ideia. “O objetivo é a destruição, não a construção”, afirmou, lembrando que, para ser efetiva, a fake news precisa de um cúmplice. “E esse cúmplice somos nós, que passamos adiante a notícia fraudulenta, em nossas redes sociais”.

 

Para ele, os passos básicos para se lidar com essa questão começam com a busca de formas de se punir o criminoso responsável pela fake news. “É difícil, mas não impossível, como mostra o caso da Cambridge Analytica”. A empresa anunciou esta semana o encerramento de suas atividades depois de ser denunciada por manipulação de informações nas últimas eleições nos Estados Unidos (quando Donald Trump foi eleito) e no plebiscito sobre a saída do Reino Unido da Comunidade Econômica Europeia (Brexit).

Além disso, sugeriu Oinegue, é muito importante que cada pessoa tome cuidado com as informações que circulam nas redes sociais, verificando as fontes e a lógica dos fatos narrados. “Sempre dá para perceber se a informação tem lógica ou não, mas, na dúvida, não use o dedo para repassá-la”, concluiu.

Para o advogado e consultor Sérgio Victor, pós-doutorado em Teoria do Direito pela Goethe Universität e professor colaborador do programa de pós-graduação em Direito da USP, a velocidade e abrangência que a internet oferece à disseminação de informações fraudulentas desorganizam o debate político e parecem ameaçar a escolha democrática de lideranças.

Em sua visão, o Estado só pode caminhar para o controle das fake news com a ajuda dos provedores das redes sociais, criando mecanismos de autorregulação desse campo. “Só esses provedores têm a tecnologia e conhecimento para atacar as notícias fraudulentas. Google, Facebook, Whatsapp e outros precisam ser estimulados a juntar esforços e combater o problema”, afirmou.

Respondendo a uma questão levantada pelo ex-ministro Andrea Matarazzo, o advogado lembrou que, durante a próxima campanha eleitoral, candidatos e partidos devem estar bastante atentos e preparados para desmontar as fake news, “pois elas vão surgir e não há como impedir isso por enquanto”. Segundo ele, a Justiça Eleitoral, a Polícia Federal e os provedores estão se preparando para atuar em conjunto no atendimento e solução das questões que surgirem durante o período de campanha.

Por sua vez, o deputado estadual Coronel Camilo lembrou que, com base em suas próprias experiências, os candidatos precisam estar presentes nas redes sociais e manter abertos canais de comunicação com os eleitores, de forma a agir prontamente no combate a informações falsas veiculadas pela internet.