Recentemente, reportagens de diversos veículos de comunicação retrataram as más condições do transporte de ônibus na cidade de São Paulo. Os passageiros reclamam de problemas como lotação, má qualidade dos veículos, excesso de velocidade, atraso, entre outros. Enquanto na gestão Kassab houve forte esforço para coibir irregularidades, por meio de rigorosa fiscalização, hoje há muitas queixas sobre linhas superlotadas e outras dificuldades.
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Entre os que sofrem diariamente com esses problemas está a assistente administrativa Helena Araújo, que durante a semana enfrenta uma dura rotina para chegar ao trabalho. “Saio às 5h30 da manhã de minha casa no bairro do Morro Doce, na subprefeitura de Perus, no noroeste da Capital. Primeiro espero por até 40 minutos numa fila imensa para conseguir lugar num micro-ônibus até a Rodovia Anhanguera, onde desembarco. Depois, pego um ônibus que sempre vai lotado até a Estação da Lapa. Além da superlotação, tenho que aturar a má educação dos motoristas, que correm muito, prejudicando principalmente os mais idosos que viajam em pé. Depois ainda pego o trem por duas linhas diferentes até a estação Granja Julieta (Linha 9-Esmeralda da CPTM, na Zona Sul) para chegar ao trabalho, num percurso que leva em média 3 horas. É um sufoco todos os dias”, reclama.
Fiscalização rigorosa
Os problemas relatados por Helena, como excesso de velocidade e atrasos, entre outras infrações, eram intensamente fiscalizados na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab,segundo o coronel da Polícia Militar Roberto Antônio Diniz, que foi chefe de gabinete da SPTrans entre abril de 2011 e dezembro de 2012. “Uma das estratégias utilizadas era a atuação de Fiscais da SPTrans à paisana nos ônibus, o que permitia flagrar irregularidades praticadas pela tripulação, como mau atendimento, não parar em pontos, além de combater as fraudes praticadas pelos cobradores, e por utilizadores de cartões de gratuidade sem que legalmente tivessem direito (como de idosos, estudantes e deficientes). Mas esta atuação sofria forte resistência do sindicato dos motoristas”, relata.
Em 2012 foram 184.955 multas por inadequação de serviço, 22% a mais do que em 2010. Além das multas, uma novidade que começou a ser colocada em prática nos ônibus a partir de 2011, para melhorar a qualidade do serviço prestado, foi a instalação de um painel que informa em tempo real a velocidade para os passageiros poderem denunciar casos de excesso. Com isso, os passageiros passaram a ter a oportunidade de alertar os motoristas sobre a necessidade de pisar no freio.
De acordo com o cel. Diniz, outra preocupação era com a qualidade dos veículos. “Foram cumpridas todas metas de renovação anual de frota previstas em contrato. Destaco a renovação e ampliação da frota de trólebus (energia renovável), inclusive com veículos maiores e mais modernos, além de modernização da rede de contato do sistema”, conta. Ao final de 2012 a idade média da frota era de 5,4 anos. É importante lembrar que, por contrato, os ônibus precisam ser trocados quando atingem 10 anos de uso. Os micro-ônibus e vans precisam ser trocados quando atingem sete anos de uso.
Frota renovada
A renovação da frota também aumentou o número de ônibus acessíveis disponíveis à população com mobilidade reduzida. A partir de 2009, todos os ônibus novos que foram incluídos no sistema passaram a contar com acessibilidade, seja por piso baixo, seja por elevadores.
Foram introduzidos veículos movidos a diferentes fontes de energia renováveis, como a etanol, com percentual de diesel da cana ao biodiesel, além de iniciados testes com veículos híbridos (bateria e diesel), visando possibilitar o cumprimento da lei de mudanças climáticas que determina substituição de 100% do diesel por energias de fontes renováveis a partir de 2018 no transporte público da cidade.
Na capital paulista, o transporte é responsável por quase 90% das emissões de poluentes na atmosfera. Para reverter esse quadro, a gestão Kassab lançou o Programa Ecofrota, visando substituir gradativamente o uso de combustíveis fósseis por renováveis. Até 2012, dos 15 mil ônibus da frota municipal, 13.280 (ou 88,5%) haviam sido renovados, proporcionando redução de emissão de poluentes e maior conforto aos passageiros.