Para o parlamentar, muitas respostas de Romeu Pereira de Souza ficaram em branco. “Ele não soube dizer o número de animais usados para pesquisa, quantos foram doados, vendidos ou mortos”, informou.
Deputado Ricardo Izar (SP) – Foto: Cláudio Araújo

Deputado Ricardo Izar (SP) – Foto: Cláudio Araújo

O deputado Ricardo Izar (PSD-SP), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Maus Tratos a Animais, se disse insatisfeito com as declarações do presidente do Instituto Royal, Romeu Pereira de Souza, que foi ouvido nesta terça-feira (15) na comissão. Segundo Souza, a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) agiu de forma transparente na obtenção de recursos federais para a realização de pesquisas e negou qualquer tipo de crueldade contra os animais.

O Instituto Royal foi acusado, em 2013, de usar métodos cruéis contra animais durante pesquisas e testes de produtos farmacêuticos. A sede foi invadida em outubro daquele ano por um grupo de ativistas que relatou maus-tratos a animais usados para pesquisas na área da medicina. Na ocasião, foram resgatados 178 cães da raça beagle, sete coelhos e mais de 200 camundongos. Os ativistas também destruíram arquivos e pastas de pesquisas que estavam em andamento.

Depois de mais de duas horas de questionamentos, Izar afirmou que muitas respostas de Romeu Pereira de Souza ficaram em branco. “Ele não soube dizer o número de animais usados para pesquisa, quantos foram doados, vendidos ou mortos. Isso mostra que a CPI ainda tem muito que investigar”, informou.

O parlamentar também perguntou sobre o apoio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, ao Instituto Royal. Após ter projeto aprovado, o instituto teria recebido R$ 5,2 milhões. “Deste montante, devolvemos ao Finep R$ 4,7 milhões por conta do fechamento da organização e a paralisação dos projetos”, rebateu Souza.

O presidente ainda confirmou aos parlamentares que trabalhava como advogado da área de licitações do laboratório Cristália que, de acordo com ele, era o cliente mais ativo do instituto.

Izar também questionou a afirmação de Souza de que o instituto direcionava suas pesquisas apenas para a área médica. Segundo o parlamentar, eram feitos outros testes para o setor agropecuário e de cosméticos. “Temos registros até de prestação de serviços para uma empresa que desenvolvia estudos com a matéria-prima do eucalipto”.

Em agosto, o presidente da CPI já havia afirmado que a comissão vai investigar a fundo os repasses federais ao instituto. Izar explicou que o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, tem responsabilidade no caso do Instituto Royal. O cadastro do instituto no órgão só foi feito em 2013. Entretanto, repasses do governo federal foram realizados antes daquele ano.

“A verba que foi para lá [Instituto Royal], do Ministério de Ciência e Tecnologia, é ilegal, porque o Instituto Royal não estava devidamente cadastrado. Agora falta a gente saber como foi usado isso e porque usaram os animais se existiam testes alternativos”, disse Izar.

(com informações da Agência Câmara)