O presidente nacional do PSD (Partido Social Democrático), ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, visitou neste sábado (18) o ginásio de sumô Mie Nishi, onde está sendo realizado o 52º Campeonato Brasileiro de Sumô. A disputa, que se encerra no domingo (20), é organizada pela Confederação Brasileira de Sumô. Kassab esteve também em outro importante evento da comunidade japonesa no Brasil: o Tanabata Matsuri, Festival das Estrelas realizado pela Associação Cultural e Assistencial da Liberdade, bairro paulistano que abriga algumas das principais instituições ligadas aos descendentes de japoneses que se estabeleceram no Brasil no século passado.
No ginásio de sumô Mie Nishi, no bairro do Bom Retiro, Kassab – acompanhado pelo deputado federal Walter Ihoshi (PSD-SP)– foi recebido pelo presidente da Federação Paulista de Sumô, Oscar Morio. A arena foi construída durante a gestão de Kassab à frente da Prefeitura de São Paulo para a prática de sumô, tradicional modalidade de luta que detém o status de esporte nacional do Japão. O ginásio Mie Nishi foi o primeiro fora do Japão construído exclusivamente para esse esporte.
No local já existia um ginásio de sumô, não exclusivo, que foi demolido para ser erguido em seu lugar esse novo espaço com capacidade para mil espectadores. As obras no Conjunto Esportivo Mie Nishi incluiram também reformas dos estádios de beisebol e de gateball.
O espaço da Secretaria Municipal de Esportes recebe competições oficiais porque é o único que respeita todas as especificações técnicas para que as aulas e treinos tenham o melhor resultado. O local oferece aulas gratuitas, bem como uma série de outras atividades voltadas para a população.
Em agradecimento à iniciativa de construir o ginásio, Oscar Morio e o presidente da Confederação Brasileira de Sumô, Issao Kagohara, fizeram uma homenagem a Kassab, conferindo a ele o diploma de 5º Dan de Sumô. Kassab agradeceu, lembrando que considerava seu dever, como prefeito, contribuir para que a cidade de São Paulo prestigiasse a comunidade japonesa, tão importante para seu desenvolvimento. “A construção do ginásio deixou um legado para os paulistanos e marcou o centenário da imigração nipônica”, disse.
Após a cerimônia, na companhia de Walter Ihoshi e do deputado estadual Jorge Hato (PMDB-SP), Kassab visitou também o campo de beisebol (esporte com grande número de adeptos entre os japoneses e seus descendentes) construído ao lado do ginásio.
Festival das Estrelas
Já no bairro da Liberdade, no espaço onde está sendo realizado o Festival das Estrelas (Tanabata Matsuri), Kassab e o deputado Walter Ihoshi foram recebidos pelo presidente da Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (Acal), Hirofumi Ikesaki, e visitou diversas barracas do evento.
Entre as atrações do Tanabata Matsuri estão apresentações de danças folclóricas orientais, shows musicais, Karaokê, oficina de origami (dobraduras de papel), kirigami (arte de papéis cortados), shodô (caligrafia japonesa), sumiê (pintura japonesa), além dos concursos de enfeites, desenhos e poesias (haikai, tanka e haiku), formando com a Feira de Artesanato da Liberdade um conjunto harmonioso, onde os participantes poderão servir-se das barracas de alimentação típica oriental, admirar e comprar os trabalhos artesanais.
O Festival das Estrelas faz parte do Calendário Turístico do Estado e do Município de São Paulo, sendo o bairro da Liberdade importante centro difusor da cultura nipônica.
O festival de Tanabata tem origem numa lenda japonesa. A princesa Orihime era a filha de um poderoso deus do reino celestial. Certo dia, estando diante de seu tear, viu passar um rapaz conduzindo um boi, e por ele se apaixonou. O pai consentiu o casamento dos dois jovens. Porém, casados e totalmente dominados pela paixão, ambos descuidaram-se de seus afazeres normais. Foi então que, o pai indignado, ordenou que eles vivessem separados, um de cada lado da Via Láctea. Comovido com o verdadeiro e puro amor do casal, o rei permitiu um único encontro anual entre os dois, no sétimo dia, do sétimo mês.
Em agradecimento à dádiva recebida, a princesa e o pastor de ovelhas atendem aos pedidos feitos em papéis coloridos (tanzaku) e pendurados em bambus (sassadakes). Cada cor significa um tipo de pedido: branco (paz), rosa (amor), vermelho (paixão), verde (esperança) e azul (saúde).
Seguindo a tradição, Kassab também fez seu pedido. Escolheu um papel da cor branca (paz) e escreveu: “Quero que a comunidade japonesa seja cada vez mais feliz no Brasil”.
O festival teve início há mais de 1.150 anos, na Corte Imperial, e a data tornou-se feriado nacional do Japão em 1603.
História do Sumô
O sumô preserva muitas de suas práticas antigas, como o seu dohyo (ringue elevado cercado de palha), o sistema de ranking e as ligações com as cerimônias religiosas do xintoísmo, além das coloridas mawashi (bandas de barriga) e do estilo de cabelo peculiar chamado de oicho (ginkgo – nó de folha). A palavra “sumô” é escrita com os caracteres chineses usados para “contusão” e “mútuo”.
Embora a história do sumô se remeta a tempos antigos, ele se tornou esporte profissional no período Edo (1600-1868). Hoje ele é praticado quase que exclusivamente por homens em clubes, escolas, universidades e associações amadoras. No Brasil, o sumô começou a ser praticado pelos imigrantes japoneses no início do século XX. O primeiro campeonato foi realizado na colônia de Guatapará, no interior de São Paulo, em 1914.
A mais antiga instituição ligada ao esporte, a Federação Paulista de Sumô, surgiu em 1962. Em 1998 surgiu a Confederação Brasileira de Sumô (CBS) e já em 2000 aconteceria em São Paulo o Campeonato Mundial. Foi a primeira vez que ele ocorreu fora do Japão.
O objetivo da disputa no sumô é forçar o oponente a sair do dohyo ou fazê-lo tocar no solo com qualquer parte do seu corpo além da sola dos pés. Antes de se iniciar o combate, no centro do ringue, os dois lutadores geralmente passam vários minutos em um ritual de preparação, estendendo os braços, batendo os pés, agachando e encarando o oponente. O sal é lançado repetidamente para purificação do ringue.
Após o longo aquecimento, a luta geralmente se encerra em questão de segundos, embora algumas vezes se estenda por vários minutos, e alguns poucos necessitem de um breve mizuiri (intervalo) para permitir que os lutadores descansem antes de concluir o combate.
As técnicas de ataque no sumô (são 70 ao todo) envolvem o empurrão ou levantar o oponente para fora do ringue, utilizando a pegada no cinturão do oponente para arremessá-lo no solo. Também se usa rasteira com as pernas, ou um rápido salto para o lado para desequilibrar e empurrar o adversário.
O sumô é especialmente admirado por sua dignidade e compostura. Discussões envolvendo as decisões dos árbitros ou flagrantes de falta de esportividade são desconhecidas. Os lutadores têm uma graduação chamada dan, que vai de um a dez e é dada conforme sua experiência e técnica.