No 25º Encontro Democrático, especialistas em transporte público falam sobre os desafios para equacionar essa questão essencial para a qualidade de vida da população
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Marcelo Branco destacou a importância do pedestre nos projetos de mobilidade urbana.

 

Aspecto essencial da qualidade de vida dos moradores de qualquer cidade, a mobilidade urbana deve ter prioridade nos planos de governo de todo candidato a gestor público, mas o sucesso nesse campo exige liderança, visão de futuro, planejamento e muita integração entre as diversas modalidades de transporte. No 25º Encontro Democrático, realizado nesta quinta-feira (7), os especialistas Marcelo Branco e Sérgio Avelleda mostraram a líderes e pré-candidatos do PSD, de forma bastante didática, os principais desafios para a elaboração de um projeto que realmente atenda às necessidades da população nesse campo.

 

 

O evento foi o 25º de uma série de debates que vêm sendo realizados pelo Espaço Democrático (fundação do PSD para estudos e formação política) há mais de um ano para discutir questões de interesse da sociedade brasileira. Os encontros têm o objetivo de produzir conteúdo que sirva de base para as ações e propostas de parlamentares e gestores do partido. Nos últimos meses, em razão das eleições municipais de outubro, os temas têm sido voltados para o interesse de prefeitos e candidatos a prefeito e vereador. O propósito final é produzir conhecimento por meio da divulgação de boas práticas de gestão. A íntegra dos debates é publicada no site da Fundação.

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“Sérgio Avelleda: “As pessoas estão morando cada vez mais longe de seus empregos”

Desta vez, para discutir o tema “Mobilidade nas metrópoles: problemas e perspectivas”, além dos especialistas convidados, o encontro teve também a participação dos vereadores paulistanos José Police Neto e Andrea Matarazzo, pré-candidato do partido à Prefeitura de São Paulo.

Police, que vem pautando sua atuação na Câmara Municipal pela defesa de soluções modernas para a questão da mobilidade na capital paulista, defendeu medidas como o estímulo ao compartilhamento de veículos particulares nos deslocamentos urbanos. “O poder público precisa induzir as pessoas a optarem pelo deslocamento compartilhado, pois não é possível que as mais de 14 milhões de viagens feitas diariamente na cidade sejam realizadas com apenas 1,3 pessoas por carro, como ocorre hoje, quando poderiam transportar até quatro pessoas”, afirmou, lembrando que isso traria redução significativa nos custos ambientais e econômicos.

O vereador Andrea Matarazzo

O vereador Andrea Matarazzo

Andrea Matarazzo, por sua vez, lembrou que parcela importante dos deslocamentos realizados em São Paulo é feita a pé e, por isso, destacou a importância de a Prefeitura investir na qualidade das calçadas. Ele disse não concordar com a ideia de que as calçadas devem ser de responsabilidade dos proprietários de imóveis, pois isso exige esforço de fiscalização que é quase impossível de ser realizado numa cidade como a capital paulista. “São 35 mil km de calçadas, a maior parte intransitáveis, sendo que os maiores responsáveis pelos danos a essas vias são a Prefeitura, as concessionárias de serviços públicos e, agora, as TVs a cabo”, explicou.

Diante disso, defendeu a lei de sua autoria que transfere para o poder público a responsabilidade pelas calçadas, permitindo à Prefeitura atuar de forma mais eficaz na qualificação das vias para pedestres. “Com 7 ou 8 mil km de calçadas com qualidade se atende a 80% das rotas das pessoas”, afirmou.

IMG_6889Em sua palestra, Marcelo Branco, que foi secretário municipal de Transportes na gestão Gilberto Kassab, também destacou a importância do pedestre nos projetos de mobilidade urbana. Administrador de empresas com mestrado em Engenharia na Poli/USP, ele foi também presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo e da SPTrans – São Paulo Transportes.

Para ele, a atenção ao pedestre é fundamental em qualquer plano de mobilidade, pois, assim como nas grandes cidades do mundo, em São Paulo também a grande maioria dos usuários de transporte coletivo precisa andar no mínimo 500 ou 600 metros para ter acesso aos terminais e estações. “Se não houver calçadas de qualidade, iluminadas e seguras, as pessoas não se sentirão estimuladas a procurar o transporte público e continuarão usando seus próprios carros, por exemplo”, disse.

Quadro Mobilidade

Sérgio Avelleda, ex-presidente dos Metrôs de São Paulo e do Rio, enfatizou em sua palestra que o principal problema para o equacionamento do sistema de transporte público é o distanciamento entre as áreas de maior densidade populacional e as regiões onde se concentra a maior parte dos empregos. “As pessoas estão morando cada vez mais longe de seus empregos e por isso é importante o papel indutor do poder público, levando as empresas para onde estão as pessoas, evitando que elas recorram cada vez mais ao sistema de transporte”, afirmou.